RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

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CAETANO DE BEM. (Thomaz) MEMORIAS HISTORICAS CHRONOLOGICAS DA SAGRADA RELIGIÃO DOS CLERIGOS REGULARES EM PORTUGAL, E SUAS CONQUISTAS NA INDIA ORIENTAL,

ESCRITAS POR D. THOMAZ CAETANO DE BEM, CLERIGO REGULAR, MESTRE JUBILADO EM SAGRADA THEOLOGIA, QUALIFICADOR DO SANTO OFFICIO, SOCIO DO NUMERO, E CENSOR DA REAL ACADEMIA, E CHRONISTA DA REAL CASA DE BRAGANÇA. TOMO I [e TOMO II]. LISBOA NA REGIA OFFICINA TYPOGRAFICA. ANNO M. DCC. XCII. [1792].

In fólio (de 33x21 cm) com 1º volume [8], lvii, 507 e 2º volume xxxi, xxxviii, 416 [aliás 418] págs.

Encadernação da época, inteira de pele, um pouco cansada nas coifas, as lombadas com rótulos vermelhos ricamente lavradas com finos ferros a ouro, assim como as pastas, que apresentam esquadrias douradas e super-libris da famosa Biblioteca de Garnier (capelão da Igreja da comunidade francesa em Lisboa ao tempo da Revolução Francesa e conselheiro do embaixador francês). Cortes das folhas carminados.

Magnífico exemplar impresso em papel de linho muito alvo, preserva grande sonoridade do papel e margens muito generosas. No primeiro volume apresenta trabalho de traça marginal, perfeitamente restaurável, que atinge as págs. 197 a 232.

Impressão com tiragem de 500 exemplares.

Obra única no seu género, de grande importância para a compreensão dos conceitos historiográficos vigentes nesta época e para o conhecimento da história diplomática da Europa, de acordo com as fontes portuguesas. Contém a história detalhada da ida para o Oriente dos padres Teatinos, com a sua passagem pelo Cáucaso e pelo Golfo Pérsico, na procura da evangelização do Extremo Oriente ou Índia Oriental.

A Regra Teatina foi a primeira regra clerical e regular a ser fundada em Roma em 1524, com o nome de Congregação dos Clérigos Regulares da Divina Providência, cujos membros são conhecidos como "teatinos". Na página 69 desta obra encontra-se a lista, ou catálogo, de varões ilustres desta religião até ao ano de 1782. A referida lista principia com São Caetano de Tiene, fundador da Sagrada Religião dos Clérigos Regulares e canonizado pelo Papa Clemente X.

A expansão missionária para o Oriente dos Clérigos Regulares, ou Ordem Teatina, começou em 1626 com uma primeira missão ao Cáucaso, particularmente na Geórgia, que era de religião ortodoxa e dominada politica e militarmente pela presença otomana. O Padre Pedro Avitabile e outros religiosos viajaram por mar e por terra, alcançando a Geórgia e conseguindo a conversão de seus reis e bispos ortodoxos, que reconheceram o Papa Urbano VIII.

Em 1639 o Padre Avitabile voltou a Roma, procurando a aprovação dos seus planos apostólicos. (vide vol. I, pág. 78 e seguintes sobre “A Entrada da Religião dos Clérigos Regulares nas terras do domínio da Coroa Portuguesa”). Todo este capítulo aborda a vida e missão do Venerável Padre D. Pedro Avitabile, tendo sido ele o promotor da ideia e todos os sucessos desta missionação (vide vol. I, pág. 107, col. 1). Os seus pedidos e súplicas para a missão ao Oriente corriam desde 1635 na Congregação para a Propagação da Fé, em Roma.

O autor declara que os portugueses tinham perdido o poder e as possessões e era a própria ordem Teatina que intervinha no restabelecimento da evangelização. A ordem usou meios próprios e as suas bases na Geórgia “onde tinham fundado tantas Missões, com tanto fruto daqueles povos” (vol. I, pág. 115, col. 2). Daí os missionários foram por terra até ao Estreito de Ormuz na Pérsia, (vide vol. I, pág. 112, 1ª col). A partir daí recusaram a ida em navios da Armada Portuguesa ou navios comerciais portugueses, preferindo seguir viagem a bordo de navios maometanos (vide vol. I, pág. 113). Esta ordem procurava sobrepor-se à influência portuguesa e chegar “onde não tinha chegado o valor dos portugueses” (pág. 166, col 2). Em 15 de Outubro de 1640 chegaram a Goa, na Índia Portuguesa.

A obra contém além da história dos clérigos regulares, também a História de Portugal, que a mesma ordem regular testemunhou ao longo dos séculos, desde a sua vinda para Portugal no tempo do Cardeal Rei D. Henrique. O autor faz a descrição de bibliotecas famosas (como a dos Medicis I, 339); a vida do Padre Rafael Bluteau “que foi uma grande luz do orbe literário e da religião Teatina” (I, 283); a vida do padre António Caetano de Sousa (II, 274); e outros padres principais dos Teatinos. As biografias encontram-se sempre relacionadas com o seu tempo e com a História de Portugal e da Europa como, por exemplo, a longa querela diplomática sobre a demarcação dos limites ou fronteiras do Brasil e das possessões portuguesas na América do Sul (II, 107).

Esta obra é uma das fontes do Dicionário Bibliográfico Português de Inocêncio (Vol. I pág. XLVIII): «MEMORIAS HISTORICAS CHRONOLOGICAS DA SAGRADA RELIGIÃO DOS CLERIGOS REGULARES em Portugal e suas conquistas, por D. Thomas Caetano de Bem. Lisboa, na Regia Off. Typographica 1792 94 fol. 2 volumes».

Vide também a recensão desta obra feita por Inocêncio (VII, 338): «[…] No formato de folio, algum tanto maior que o ordinário chamado português. […] Imprimiram se d'esta obra só 500 exemplares. […] De todas as [obras] do autor é sem dúvida a mais considerável a todos os respeitos. Posto que estejam muito longe de poderem ser tomadas para modelo, quer no estilo, quer na linguagem, quer ainda na disposição metódica, estas Memorias são todavia curiosas, e instrutivas em sumo grau, e oferecem copiosos subsídios não só para a história das letras neste reino nos seculos XVII e XVIII, mas até para a sua história política.

Ali se encontram as vidas e acções particulares de alguns varões doutos, que floresceram naquela benemérita e laboriosa congregação, tais como D. Raphael Bluteau, D. Manuel Caetano de Sousa, D. José Barbosa, D. António Caetano de Sousa, D. Luis Caetano de Lima etc. etc. São particularmente interessantes e noticiosas as vidas de D. Manuel Caetano de Sousa e D. Luis Caetano de Lima.

Na do primeiro o cronista soube habilmente aproveitar-se da viagem que o seu confrade empreendeu á Itália indo assistir ao capítulo geral da ordem, para dar notícia de muitas antiguidades preciosas, de muitos livros e manuscritos raros, existentes nas livrarias daquela província, então a mais rica da Europa neste género de preciosidades.

Na vida de D. Luis Caetano de Lima, serviu-lhe o cargo que este exercera de secretário particular da embaixada junto ao Marquês de Cascais, enviado pela nossa Corte à de Paris em 1695, e junto ao Conde de Tarouca, quando ministro plenipotenciário de Portugal com D. Luis da Cunha ao Congresso de Utrecht, para daí tecer uma larga e circunstanciada exposição do estado da Europa, desde a Paz de Riswich até á conclusão daquele notável congresso: exposição que não só constitui a história completa das complicadas negociações que ali puseram termo á guerra da Grande Aliança, mas é verdadeiramente a única até agora impressa, na parte que respeita ao modo por que foram conduzidos e tratados os interesses de Portugal naquela universal pacificação.

D. Tomás Caetano, que tinha adquirido em seus longos estudos e copiosa e variada erudição, quis ainda aproveita-la, procurando amenizar o assumpto, e realçar o mérito das suas Memorias. Inseriu no tomo I em forma de prólogo um extenso e desenvolvido tratado, acerca do método de escrever a história, com a exposição das suas leis e preceitos, e interessantes aplicações criticas, quanto ao modo por que tais regras haviam sido desempenhadas por muitos notáveis historiadores nacionais e estranhos. E no tomo II uma carta em que patenteia profundo conhecimento da ciência numismática; e um tratado sobre o método de estudar a historia, com imediata aplicação á de Portugal. Aí mesmo expõe com espirito de boa crítica várias espécies relativas à cronologia naciona1, e à genealogia dos nossos primeiros monarcas.

A história das questões concernentes ao padroado da Coroa Portuguesa no oriente, e das desavenças suscitadas em tempo antigo por parte dos vigários apostólicos, em virtude das ordens da Congregação romana, adquire muita luz, pelas notícias que o autor nos dá a esse respeito no tomo II, pag. 15 a 31, e pag. 383 a 392, etc., etc. […]».

Sobre o Abade Garnier, a quem pertenceu este exemplar, vide Daniel-Henry Pageaux, Imagens de Portugal na Cultura Francesa, Biblioteca Breve, Ministério da Educação, Lisboa, 1983: «O loreno Charles-François Garnier, geógrafo do rei da Polónia, Estalisnau, deixa Nancy em 1750 e torna-se, quinze anos depois, capelão [da Igreja da comunidade francesa em Lisboa] de Saint Louis des Français até morrer, em 1804. O embaixador de França [em Lisboa], em vésperas da Revolução [Francesa], Marquês de Bombelles, aprecia muito o seu saber e os seus conselhos. Antes disso o Abade Garnier fora durante algum tempo correspondente de várias gazetas parisienses, em especial do Journal Économique e do Journal Étranger. No primeiro periódico dá informações sobre as ciências e o comércio em Portugal, resume as teorias de Severim de Faria sobre as causas do despovoamento de Portugal e sobre a necessidade de desenvolver as “artes mecânicas”, como se dizia no tempo da Encyclopedie».

 In folio (33x21 cm). 1st volume: [8], lvii, 507 pp. 2nd volume xxxi, xxxviii, 416 [or 418] pp.

Binding: Full calf, headbands slightly worn. Spine with red labels presenting exquisite gilt tools. Boards presenting gilt tooled frames and vignette of the famous Library of Garnier (chaplain of the French community in Lisbon and Counsellor of the French Ambassador at the time of the French revolution ). Red edges.

A wonderful copy printed in white and sound linen paper, amply margined. Edition of 500 copies. In the first volume it has some marginal book-worming, repairable, on pages 197 to 232.

A unique work, highly important to understand the contemporary historiographical concepts and for the knowledge of Europe’s diplomatic history, as per the Portuguese sources. It tells in detail the history of the Theatine priests, with their voyage through the Caucasus and the Persian Gulf, seeking to evangelize the Far East or East Indies.

The Theatine Order was the first clerical and regular order to be founded in Rome in 1524, with the name of Congregation of Clerics Regular of the Divine Providence, whose members are known as Theatines. On page 69 there is the list, or catalogue, of the prominent figures of this Order until 1782. This list starts with Saint Cajetan of Thiene, founder of the Sacred Religion of the Clerics Regular and canonized by Pope Clement X.

The missionary expansion of the Theatines started in 1626 with a first mission to the Caucasus, especially in Georgia, which was mainly orthodox and ruled, both politically and militarily, by the Ottomans. Father Peter Avitabile and other religious travelled by land and sea, reaching Georgia and managing to convert its orthodox kings and bishops, who recognised Pope Urban VIII.

In 1639 Father Avitabile returned to Rome seeking approval for his apostolic plans - cf. volume I, page 78 and following on “A Entrada da Religião dos Clérigos Regulares nas terras do domínio da Coroa Portuguesa” [The Entry of the Clerics Regular into the lands under the domain of the Portuguese Crown]. The whole chapter tells the life and mission of the Venerable Priest Pedro Avitabile, who promoted the idea of this mission with all its successes (cf. volume I, page 107, col. 1). His requests and pleas for the mission to the East circulated within the Congregation for the Doctrine of the Faith in Rome since 1635.

The author states that the Portuguese had lost their power and possessions and it was the Theatine Order that had to intervene and re-establish evangelization. The Order used its own resources and its base in Georgia “where they had founded so many Missions, with so many positive results for those people” [“onde tinham fundado tantas Missões, com tanto fruto daqueles povos”] (vol. I, page 115, col. 2). The missionaries left Georgia heading to the Strait of Hormuz in Persia (cf. vol. I, page 112, 1ª col). From there they refused to travel on Portuguese ships, choosing Muslim ships (cf. vol. I, page 113). This Order aimed to overlap the Portuguese influence and go “where the value of the Portuguese hadn’t gone yet” (page 166, col 2). On the 15th October 1640 they arrived to Goa, in the Portuguese India.

This work contains, besides the history of the Clerics Regular, the history of Portugal, which the Order witnessed since it arrived in Portugal at the time of the reign of Cardinal King D. Henrique. The author describes famous libraries (like that of the Medicis, I, 339); the life of the Priest Rafael Bluteau “who was a great light within the literary orb and the Theatine religion” (I, 283); the life of priest António Caetano de Sousa (II, 274); and other main priests of the Theatines. The biographies are always related with their time and with the history of Portugal and Europe, like, for instance, the diplomatic disputes on the limits and frontiers of Brazil and Portuguese possessions in South America (II, 107).

This work is one of the sources of the Portuguese Bibliographic Dictionary by Inocêncio (Vol. I page XLVIII).

About Abbot Garnier, to whom this copy belonged, cf. Daniel-Henry Pageaux, Imagens de Portugal na Cultura Francesa, Biblioteca Breve, Ministério da Educação, Lisboa, 1983: «The Lorrain Charles-François Garnier, geographer of the Polish King Stanislau, leaves Nancy in 1750 and fifteen years later becomes chaplain of the Church of Saint Louis des Français [Church of the French community in Lisbon] and kept this title until he died in 1804. The French Ambassador [in Lisbon] at the time of the [French] Revolution was Marquis of Bombelles who highly appreciated the chaplain’s knowledge and advices. Before that Abbot Garnier wrote for several Parisian Gazettes, especially the Journal Économique and the Journal Étranger. For the first he writes about sciences and commerce in Portugal, summarising the theories of Portugal’s depopulation and the need to develop “mechanical arts”, as it was said at the time of the Encyclopedie».


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Referência: 1507JC017
Local: M-8-A-21


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