RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

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MENDES PINTO. (Fernão) PEREGRINAÇAÕ

DE FERNAÕ MENDES PINTO E POR ELLE ESCRITTA QUE CONSTA DE MUYTAS, Y MUYTO ESTRANHAS COUSAS, QUE vio, & ouvio no Reino da China, no da Tartaria, no de Pegú, no de Matavaõ, & em outros muytos Reynos, & Senhorios das partes Orientaes; E TAMBEM DÁ CONTA DE MYTOS CASOS PARTICULARES: que aconteceraõ assim a elle, como a muytas pessoas; e no fim della trata brevemente de algumas noticias, & da morte do Santo Padre Mestre Francisco Xavier, única luz, & resplandor daquelas partes do Oriente, & nellas Reytor Universal da Companhia de Jesus, OFFERECIDA AO SENHOR JOSEPH DA CUNHA BROCHADO, CAVALEYRO PROFESSO DA ORDEM DE CHRISTO, do Conselho de Sua Magestade, Fidalgo da sua Casa, Conselheyro de sua Fazenda, e seu Inviado Extraordinario na Corte de Londres, &c. E AGORA NOVAMENTE CORRECTA, E ACRECENTADA com o Itenerario de Antono Tenreyro, que da India veyo por terra a este Reyno de Portugal, em que se contém a viagem, & jornada que fez no dito caminho, & outras muytas terras, & Cidades, onde esteve antes de fazer esta jornada, & os trabalhos que com esta Peregrinaçaõ passou no ano de mil quinhentos & vinte nove. E com a conquista do Reyno de Pegú feyta pelos Portugueses, sendo Vi-Rey da India Ayres de Saldanha no anno de 1600. [vinheta tipográfica com as iniciais de Fernão Mendes Pinto] LISBOA ORIENTAL. Na Officina FERREYRIANA. M. DCC. XXV. [1725].

In 4º gr. (de 30x21 cm) com [4], 468 págs.

Encadernação do final do século XX inteira de pele, ao gosto da época, com nervos, rótulo vermelho e ferros a ouro na lombada.

Exemplar com 2 ex-libris oleográficos armoriados coevos sobre a folha de rosto.

Rara 4ª edição portuguesa editada por Miguel Lopes Ferreira.

Bela impressão barroca, estampada sobre papel muito alvo e com grande sonoridade. A folha de rosto, impressa a duas cores, apresenta ao centro um curioso monograma tipográfico [F.M.P.?]. O texto foi impresso a duas colunas, adornadas com vinhetas tipográficas e capitulares xilográficas.

A Peregrinação é uma obra de carácter novelesco, ímpar na literatura mundial pelo seu estilo, uma obra de arte de grande classe, uma das maiores criações romanescas produzidas na Península Ibérica por um autor de elevada sensibilidade artística e com notável capacidade para criar personagens, espectáculos e pequenas novelas inseridas na narrativa principal.

É a primeira obra a nível mundial que transmite a tomada de consciência da unidade do mundo, através da sua diversidade, consequência do encontro de civilizações resultante dos descobrimentos portugueses. Baseada na vasta e rica experiência obtida pelo autor na sua aventurosa vida, durante os anos de juventude e nas viagens pelo Oriente, a sua apresentação do mundo exótico oriental e da reacção dos portugueses de quinhentos ao ambiente asiático, apesar de não ser factualmente exacta, tem muito de verdade.

Foram estas características que a tornaram um bestseller mundial no século XVII e XVIII, (6 edições castelhanas, 4 inglesas, 6 francesas, 6 holandesas, 2 alemãs) pois era a primeira informação de conjunto sobre o Extremo Oriente, com o atractivo especial de apresentar essa informação sob uma forma romanesca, que conseguia atingir públicos mais vastos do que os tratados históricos e descrições oficiais.

A obra tem afinidades com D. Quixote de Cervantes e com a novela picaresca espanhola, apesar de, ao contrário desta, não ser só duramente sarcástica e negativa, mas conter, além disso, sentimentos positivos e a esperança num aperfeiçoamento dos seres humanos.

A obra de Mendes Pinto é uma precursora do Orientalismo e do Exotismo muito em voga nos séculos XIX e XX, mas tem a superioridade de não ter só um aspecto turístico, distanciado, característico das referidas tendências, tendo, pelo contrário, uma aproximação de grande inteligência, sensibilidade e receptividade a estas novas civilizações.

A Peregrinação inclui numerosas críticas indirectas à mentalidade e a comportamentos negativos dos portugueses, como o espírito de casta levado a extremos, veja-se a história dos portugueses a cumprir trabalhos forçados na construção da muralha da China que se batem e se esfaqueiam para averiguar quem é mais fidalgo, se os Madureiras se os Fonsecas, a ganância e a violência sem objectivo personificadas no aventureiro António de Faria, capaz dos actos da maior coragem e valor assim como das piores baixezas e crimes.

Fernão Mendes Pinto (Montemor-o-Velho c. 1510 – Pragal, Almada 8 de Julho de 1583) De origens humildes, veio para Lisboa em 1521 para ganhar o sustento no séquito de casas fidalgas. Em 1537 embarcou para a Índia, permanecendo no Oriente durante cerca de 21 anos, principalmente na Ásia do Sudeste, na China e no Japão onde viveu grandes aventuras, como ele diz «trabalhos, cativeiros, fomes, perigos e vaidades», tentando fazer fortuna à margem, dos círculos oficiais da estrutura administrativa do Império Português. Esta fase da sua vida só é documentada, praticamente, pelas numerosas referências nos documentos da Companhia de Jesus à qual Mendes Pinto pertenceu durante um breve período, levado pela admiração que sentia pela figura de S. Francisco Xavier.

Regressado a Portugal em 1558, casou, teve duas filhas, comprou uma quinta no Pragal perto de Almada, exerceu importantes funções na Misericórdia desta vila, havendo referências indirectas a ter sido Juiz da Vila de Almada, recebeu as visitas de Filipe II e do Padre Pedro Maffei, jesuíta italiano, acompanhado pelos padres João Rebelo e Gaspar Gonçalves que queriam recolher informações sobre a China. A Peregrinação, terminada em 1580, por motivos desconhecidos só foi impressa em 1614, apesar de ter licenças da Inquisição desde 1603.

 Dim.: In 4º gr. (30x21 cm) with [4], 468 pp.

Binding: late 20th century full calf, with raised bands, red label and gilt tools on spine.

Copy with two contemporary armorial ink ex-libris on the title page.

Rare fourth Portuguese edition printed by Miguel Lopes Ferreira.

A beautiful Baroque print on very white and sound paper. The title page, printed in two colours, has at the centre a curious printer’s device [F.M.P.?]. The text is printed in two columns with woodblock engraved vignettes and capital letters.

“Peregrinação” [Pilgrimage] is like a novel, unique in the world literature due to its style, a classy work of art, one of the best Romanesque creations produced in the Iberian Peninsula by an author with strong artistic sensibility and a remarkable ability to create characters and little short stories within the main narrative.

It is the first work worldwide to convey the awareness of the world as one in its diversity, a consequence of the encounter of civilizations resulting from the Portuguese discoveries.

Based on the large and rich experience of the author gained throughout his life of adventures in his younger years and in the voyages across the Far East, this work presents an exotic eastern world and the reactions of the 1500’s Portuguese before the Asian environment in a way that, although not completely factual, it is quite true.

These were the characteristics that made it a world bestseller in the 17th and 18th century (6 Castilian editions; 4 English; 6 French; 6 Dutch; 2 German). It was the first global information on the Far East, with the special appeal of presenting that information in a novel like way, thus reaching a larger public than the historical treatises and official descriptions.

The work relates to “D. Quixote” by Cervantes and to the Spanish picaresque novels, although, unlike this one, is not only sarcastic and negative, but also has positive feelings and hope on the improving of the human being.

The work of Mendes Pinto is the predecessor of the Orientalism and Exoticism trending during the 19th and 20th centuries, but it stands out for not having just a touristic and distant side characteristic of those trends, but quite the opposite, it is an intelligent, sensitive, and open-minded approach to these new civilisations.

Peregrinação includes several indirect critiques to the mind set and negative behaviours of the Portuguese, like the spirit of caste taken to extremes; e.g. the story of the Portuguese in force labour building the China Wall that fight and stab each other to death disputing who is the most noble, the family Madureira or the Fonseca; meaningless greed and violence embodied by the adventurous António de Faria, able to perform the most courageous actions but also the worst baseness and crimes.

Fernão Mendes Pinto (Montemor-o-Velho, ca. 1510 – Pragal, Almada, July 8, 1583), of humble birth, went to Lisbon in 1521 to work at the entourage of noble houses. In 1537 he sailed to India and stayed in the Far East, mainly in the Southeast Asia, China, and Japan, where he had a lot of adventures, as he sates “works, captivity, hunger, danger, and vanities “, trying to make fortune outside of the official administrative structure of the Portuguese Empire. This stage of his life is just documented by the innumerable references in the documents of the Society of Jesus, of which Mendes Pinto was a member for a short period of time due to his admiration for St. Francis Xavier.

He returned to Portugal in 1558, got married, had two daughters, bought a farm in Pragal (in the south bank of the Tagus River) and worked at the Misericórdia* of that village, and there are some indirect references of him being Judge at the city of Almada. He was visited by King Filipe II and Father Pedro Maffei, an Italian Jesuit, both wanting to get information about China. The Peregrinação was finished in 1580 but, for unknown reasons, it was just published in 1614, although the Inquisition licences are dated from 1603.

* The Santa Casa da Misericórdia ("Holy House of Mercy") is a Portuguese charity founded in Lisbon in 1498 by the Queen Leonor of Portugal.

Ref.: C. R. Boxer, Fernão Mendes Pinto. In Dicionário da História de Portugal, 3º Vol. pág. António José Saraiva, Prefácio à Peregrinação. Clássicos Sáda Costa. Lisboa. Alexandre M. Flores, et alia. Fernão Mendes Pinto. Subsídios para a sua bio-bibliografia. Almada. 1983.

Inocêncio II, 285 «A Peregrinação de Fernão Mendes Pinto é um dos livros de mais popular e aprazível lição que jamais se escreveram em idioma algum. Percorre todos os estilos, abraça todas as situações, tem lágrimas para todos os olhos, sorrisos para todos os lábios, terror para todos os espíritos, pasto para todas as imaginações, consolação para todas as dores, alívio para todas as tribulações. ….Posto que a impressão só se fizesse, ou ao menos se completasse no ano de 1614, é todavia certo que a obra se achava licenciada, e pronta a entrar no prelo desde 1603, por que assim o declaram as respetivas licenças. …Saiu em segunda edição, com leves mudanças no título, Lisboa, na Offic. de Antonio Craesbeeck de Mello 1678. fol. Edição incomparavelmente de mérito menor que a primeira, pois não só lhe tiraram a dedicatória, mas alteraram a ortografia, e o texto, cortando palavras, mudando frases, e desfigurando consideravelmente a obra. Assim mesmo viciada esta edição ficou servindo de texto para as duas que em seguida se fizeram, nas quais com tudo cada editor foi ainda mudando o que lhe pareceu, tanto na ortografia, como nas palavras. A terceira edição saiu em Lisboa, na Offic. de José Lopes Ferreira 1711. fol. Foi dedicada ao Conde de Pombeiro, e apareceu com a imerecida qualificação de agora de novo correcta! A ela se adicionou pela primeira vez a Relação ou breve discurso da Conquista do Pegú, que até então andava impresso sobre si, na língua castelhana em que seu autor o escrevera. Apareceu depois quarta edição, lbi na Offic. Ferreiriana 1725. fol. Dedicada a José da Cunha Brochado. Nela se reproduziu a Conquista do Pegú, e se lhe anexou de novo o Itinerário de António Tenreiro, que as antecedentes não traziam».

 


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