RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

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VELEZ GUERREIRO. (João Tavares) JORNADA QUE ANTONIO DE ALBUQUERQUE COELHO,

Governador, e Capitaõ General da Cidade do Nome de Deos de Macao na China, Fez de Goa atè chegar à dita Cidade no anno de 1718. Dividida em duas partes. Escrita pelo Capitaõ JOAÕ TAVARES DE VELLEZ GUERREIRO, E DEDICADA AO DUQUE, por D. JAYME DE LA TE, Y SAGAU. LISBOA OCCIDENTAL, Na Officina da Musica. M. DCC. XXXII. [1732].

In 8º (de 18x12 cm) com [16], 427 [1] págs.

Encadernação da época, inteira de pele, com nervos e rótulo vermelho na lombada. Apresenta leves picos de traça no exterior das pastas. As folhas de guardas são modernas.

Obra rara e importante, foi dedicada ao Duque do Cadaval pelo editor, D. Jayme de La Te y Sagau.

Rara segunda edição.

A primeira é raríssima, tendo sido impressa em Macau no ano de 1718, logo após a chegada do Governador, e só se conhecem 8 exemplares. A terceira foi impressa em Lisboa no ano de 1905.

Bela impressão, nesta segunda edição utilizou-se uma impressão ao estilo chinês, inspirada na primeira. O texto foi emoldurado em filetes tipográficos em esquadria, o texto adornado com vinhetas tipográficas, cabeções de remate e capitulares decorativas.

Exemplar da tiragem especial que apenas difere da normal por ter margens muito mais generosas e por ser impressa sobre papel de linho de grande qualidade, muito alvo e encorpado. Apresenta o primeiro caderno lavado e um título de posse desvanecido na folha de rosto .

A ‘JORNADA’ foi impressa pela primeira vez em Macau logo no ano de [1718] chegada do novo governador, sendo a última de uma série de 11 livros portugueses impressos em Macau, entre 1662 e 1718, e o único cujo conteúdo não é religioso. De acordo com Charles Boxer in Travel and Exploration, 5, 368. [A primeira edição d]“este trabalho extremamente raro é o mais curioso de toda a série, sendo único no seu género, uma vez que não foi escrito ou editado por missionários, nem aborda temas eclesiásticos, científicos ou linguísticos.”

O Capitão-da-guarda Vellez Guerreiro escreveu esta descrição da viagem épica do Governador António de Albuquerque Coelho, ao qual acompanhou e protegeu como chefe da guarda, tendo protagonizado todos os episódios desta odisseia que decorreu ao longo de um ano. Logo após a chegada a Macau a obra é impressa baseada no diário que o autor tinha elaborado durante a viagem.

Na primeira parte descreve a viagem por terra de Goa até Madrasta e daqui, por mar, até à Malásia. A segunda parte é inteiramente dedicada à estadia de Albuquerque Coelho na Malásia, entre Outubro de 1717 e Abril de 1718, onde se envolveu num golpe de estado que levou o Rajá Kechil ao poder no Reino de Johor, no estreito de Singapura.

Arlindo Correia: ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE COELHO (1682 – 1745)

Albuquerque Coelho natural do Brasil, era filho de António de Albuquerque Coelho de Carvalho, oriundo de uma respeitável família que ocupou cargos importantes no Brasil colonial. Fruto de uma relação ocasional de seu pai com mulata. Era mestiço. Foi enviado para a Metrópole, onde fez alguns estudos.

Em 1700, foi nomeado fidalgo cavaleiro da Casa Real e nomeado para receber o Hábito da Ordem de Cristo, na condição de partir para a Índia. Porém, só em 1719 conseguiu o título de Cavaleiro. O facto de ser mestiço constituía um obstáculo difícil de vencer. Embarcou em 1700. Ocupou os postos de Tenente de Mar-e-Guerra e Capitão de Infantaria do Terço do Estado. Em 1708, embarcou como Capitão de Infantaria da guarnição da fragata Nossa Senhora das Neves, que partiu para Macau, quase destruída. Na mesma fragata viajava o tenente  D. Henrique de Noronha e Francisco Xavier Doutel, que pouco depois seriam seus grandes inimigos.

O episódio pessoal que mais marcou profundamente a vida de Albuquerque Coelho, foi querer casar com uma menina de 9 anos, órfã de pai e de mãe, chamada Maria de Moura. Com aquela idade, não era certamente a beleza o que o seduzia, mas sim os bens da criança, que eram avultados. Problema ainda maior era que o Tenente D. Henrique de Noronha também pretendia a mão da menina. O pequeno círculo dos portugueses de Macau (não mais certamente de umas 3 ou 4 mil pessoas), dividiu-se pelos dois partidos. Valeu-se Albuquerque Coelho da protecção do Bispo e conseguiu que a questão do casamento passasse para o foro eclesiástico.

Em 30 de Junho de 1709, realizou os esponsais na Igreja de Santo António. A 2 de Agosto de 1709, António de Albuquerque Coelho foi alvejado com um tiro de bacamarte disparado por D. Henrique de Noronha, ferindo-o num braço, que acabou gangrenado e teve de ser cortado. Ainda antes de permitir que se efectuasse a cirurgia, Albuquerque mandou perguntar a Maria de Moura se aceitaria casar com ele, tendo um braço a menos. A menina mandou-lhe dizer “que ainda que lhe faltassem ambas as pernas, ficando ele com vida, queria casar com ele”. O casamento foi celebrado a 22 de Agosto de 1710. Assistiu a tripulação da fragata, para protecção, bem necessária, pois o tio da menina Francisco Leite Pereira, pensando que o casamento seria celebrado na Igreja de Santo António, para ali foi esperar o noivo a fim de o matar.

Não foi fácil a vida de António de Albuquerque Coelho em Macau; podemos concluir de vários episódios da sua vida, que tinha um feitio bastante conflituoso e que criava inimigos com facilidade. Especialmente quando foi Juiz Ordinário (1712-1713), Ouvidor e também Vereador do Leal Senado. Cargo em que participou na resolução da importante questão da compatibilidade, ou harmonização religiosa, dos ritos chineses com os ritos católicos, nomeadamente a designação em chinês de Deus, as honras prestadas ao filósofo Confúcio, e os ritos com que eram honrados os defuntos. Em 1714, a esposa deu à luz um filho, vindo esta a falecer das sequelas do parto. Neste período colecionou mais alguns inimigos em Macau e acabou por regressar a Goa.

Em Maio de 1717, o Arcebispo Primaz de Goa, D. Sebastião de Andrade Pessanha, substituto legal do Vice-Rei, Vasco Fernandes César de Menezes, que partira para o Reino, nomeou António de Albuquerque Coelho Governador de Macau. Quis este embarcar no único navio que estava para partir; mas o capitão deste era o seu inimigo Francisco Xavier Doutel, que levantou vela e se fez ao mar na noite de 22 de Maio, sem o avisar e em segredo. Sem meio de transporte, decidiu Albuquerque partir a pé com a sua comitiva até à outra costa da Índia, onde pensava encontrar um barco. Na comitiva, o Capitão João Tavares de Velez Guerreiro, que descreveu a viagem, o Ajudante Inácio Lobo de Menezes, mais dois portugueses, João Nunes e Pascoal Ribeiro, cinco cafres cativos e dois clarins.

Chegaram a S. Tomé de Meliapor, então ocupada pelos Portugueses a 16 de Julho. Uma velocidade razoável, pois a distância percorrida fora de cerca de 2 600 km. Não conseguindo encontrar um navio que os levasse, Albuquerque tratou de comprar um, iniciando a viagem a 5 de Agosto. Em Malaca, teve o percalço de lhe fugir o piloto, tendo de prosseguir dirigindo ele mesmo o barco. Ao fim de dois meses, arribou a Johor (no sul da Malásia) para invernar. Teve um papel activo na pacificação do Reino, onde pululavam lutas internas. Em Março de 1718, foi-lhe doado um terreno para a construção de uma Igreja; prosseguiu a viagem em 18 de Abril. Todos adoeceram a bordo incluindo o próprio Albuquerque. Muito doente com béri-béri, foi obrigado a desembarcar na ilha de São João (Shangchuan). Fora nesta ilha, hoje distante 270 km. por estrada de Macau, que havia falecido S. Francisco Xavier em 1552.  Os chineses trataram-no bem e levaram-no depois num dos seus barcos a Macau, onde chegou a 29 de Maio.

Tomou posse do cargo no dia seguinte, 30 de Maio de 1718. Nessa altura já se encontrava em Goa um novo Vice-Rei, D. Luis de Menezes, 5.º conde da Ericeira e 1.º Marquês do Louriçal (o qual não tinha ainda 30 anos), que lhe escreveu uma carta datada de 6 de Maio confirmando-o no cargo, mas lembrando-lhe também os conflitos do passado  e advertindo-o para que não exercesse vinganças sobre Francisco Leite Pereira e Xavier Doutel. Aparentemente, Albuquerque assim fez, pois não há notícia de conflitos nesta altura com estas personagens.

O governo de Albuquerque Coelho decorreu até a contento dos moradores de Macau, mas foi bastante curto, pois terminou a 9 de Setembro de 1719. Foi o caso que o Vice-Rei recebera indicação da Corte de Lisboa para um novo Governador, António da Silva Tello de Menezes. É o que consta de uma carta dirigida pelo Vice-Rei ao Padre João Mourão da Companhia de Jesus em 21 de Abril de 1720. Albuquerque Coelho tinha sido prejudicado por o seu antecessor D. Francisco de Alarcão ter ficado um ano a mais no posto e ainda por ter gasto um outro ano na viagem de Goa para Macau.

Ficou em Macau até 18 de Janeiro de 1720, data em que embarcou para Goa na fragata Nossa Senhora das Brotas, que chegou a Goa a 20 de Maio seguinte.

GOVERNADOR DE TIMOR Em 1721, nas ilhas de Timor e Solor, reinava a confusão, pois o Governador, Francisco de Melo e Castro deixara que o Bispo de Malaca, D. Frei Manuel de Santo António, praticamente tomasse conta do governo da colónia. O novo Vice-Rei, Francisco José de Sampaio e Castro, decidiu nomear António de Albuquerque Coelho para tomar conta do governo daquele território. Partiu Albuquerque de Goa num navio seu para Macau, de onde queria levar provisões para Timor. Chegado a Lifau – Timor em 1722, tomou conta da direcção do governo, pondo o Bispo de lado. E, vendo que este continuava a conspirar contra ele, obrigou-o a que se embarcasse para Goa. Havia rebelião entre os povos de Timor, acicatados pelos holandeses que queriam tomar as ilhas, onde se produzia o sândalo. Revoltaram-se vários reinos. O rei de Luca atacou com a sua gente o capitão-mor Joaquim de Matos, que tinha ido a Cailaco cobrar fintas (impostos). Não houve mortos do lado português, mas os revoltosos assassinaram dois missionários, os padres Manuel Rodrigues e Manuel Vieira. A situação de revolta prolongou-se por bastante tempo, atribuindo alguns a falta de solução à demasiada aspereza do governador no trato com os naturais. Em 1725, foi substituído por António Moniz de Macedo e passou novamente por Macau de volta a Goa. Chegou a Macau a 29 de Setembro de 1725 e a 23 de Novembro mandou celebrar um ofício solene pela alma de sua mulher Maria de Moura, com uma salva na Fortaleza do Monte no fim do ofício, dobrando os sinos de todas as Igrejas. António de Albuquerque Coelho estava sempre atento ao cerimonial. Mandou então depositar numa urna os ossos de sua mulher e filha, juntamente com o braço que lhe havia sido cortado em 1706. A urna esteve na igreja de S. Francisco até à sua demolição em 1865, data em que passou para a igreja de S. Agostinho, onde foi encaixada na parede da capela-mor, com uma lápide com esta inscrição: «Nesta urna estão os ossos de D. Maria de Moura e Vasconcellos e sua filha D. Ignez, e os do braço direito de seu marido Antonio d’Albuquerque Coelho, que aqui a fez depositar, vindo de Governador e Capitão Geral das Ilhas de Solôr e Timôr no anno de 1725»

GOVERNADOR DE PATE A ilha de Pate, Patte ou Paté (por vezes, também Patta), fica situada a norte de Mombaça na costa oriental de África e faz hoje parte do Quénia. Tinha três povoações: Pate, Faza (ou Ampaza) e Sio (ou Siyu). A ilha, juntamente com Mombaça, tinha sido portuguesa até 1698, data em que os árabes de Oman se apoderaram daqueles territórios. Os Vice-Reis em Goa tinha grande esperança na reconquista daqueles territórios e em 1727 surgiu a ocasião propícia quando se levantaram grandes divergências entre os potentados árabes que mandavam na zona. Em 1727, o Sultão de Pate enviou uma embaixada a Goa, pedindo a protecção dos portugueses; o facto ficou assinalado com um Tratado (Biker, VI, pag. 32) . Para ali partiu uma armada de seis navios na véspera de Natal de 1727, comandada pelo General Luis de Melo de Sampaio. Em Pate, encontraram as populações divididas, uns a favor dos árabes, outros dos Portugueses. Também Mombaça se rendeu em 15 de Março de 1728. Com o Rei de Pate, foi celebrado em 24 de Agosto um extenso Tratado de paz, amizade e aliança, onde ele permitia a construção de uma Fortaleza guarnecida com 150 homens portugueses (Biker, VI, pag. 55). Para a ocupação de Pate e construção da Fortaleza, nomeou o Vice-Rei, António de Albuquerque Coelho como Capitão-Geral. Em 6 de Janeiro de 1729 este partiu de Goa, chegando à barra de Pate em 3 de Fevereiro, desembarcando a 9, com pompa militar. Levava 141 soldados, 104 brancos e 37 indígenas.

ÚLTIMOS ANOS Uma informação do Vice-Rei D. Pedro de Mascarenhas, Conde de Sandomil, em 23 de Janeiro de 1735, resume bem a vida de Albuquerque Coelho na Índia (estava lá há 35 anos não há 32): Veyo do Reyno ha trinta e dous annos, occupou os postos de Tenente de mar e guerra, Capitão de Infantaria do Terço deste Estado, Governador, e Cappitão General da Cidade de Macáo, e Governador das Ilhas de Solor, e Timor, e Governador, e Cappitão General do Reino de Patte; tem grande capacidade, e muyto bom juizo e de excellente modo com as gentes. Nos Governos de Macáo, e Timor me consta pelas informaçoens que tenho que procedeo com disctinção c acerto, e no Governo de Patte não creyo que obrou mal, pois V. Magestade sendo-lhe prezentes as Devaças que contra elle se tirarão, o deu por livre por carta sua expedida este anno pelo Conselho Ultramarino; tenho-o por capaz de todos os empregos, e particularmente para o de Macáo, que hoje necessita mais de industria, e capacidade, do que das mais circumstancias, que nelle não faltão. (Bosquejo……, pág. 28-29). Não há muitas informações sobre os últimos anos da vida dele em Goa. Sabe-se que foi Vereador da Câmara e Procurador do Senado de Macau em Goa. Era membro activo da Santa Casa da Misericórdia de Goa, de que também foi Provedor. Seu filho deverá ter falecido no final do decénio iniciado em 1730, não se sabe onde e como. Antes de ele falecer, conseguiu ainda que D. João V concedesse ao rapaz o Alvará de Fidalgo Cavaleiro, em 7 de Abril de 1737 – R.G.M. de D. João V, liv. 28, fls. 369 v. Em 1742, foi nomeado Capitão-Geral da Província de Bardez. Deixou o posto no decorrer de 1744. Pobre e desprovido, recolheu-se ao Convento dos Franciscanos da Província da Madre de Deus, onde terá falecido. Texto extraido do artigo de Arlindo Correia ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE COELHO (1682 – 1745).

O ITINERÁRIO da Jornada está minuciosamente detalhado na obra com a viagem do Governador Albuquerque Coelho, do Capitão Tavares e da sua comitiva em direcção ao Extremo Oriente. Seguindo o índice, e actualizando a ortografia, verificamos que o percurso decorre inicialmente por terra, por motivo de terem faltando navios (pág. 4) desde Goa, na Costa do Malabar, até Madrasta na Costa de Bengala, seguindo o caminho dos peregrinos portugueses, os quais, tradicionalmente, faziam a peregrinação desde Cochim, na Costa do Malabar, até ao túmulo do apóstolo S. Tomé, em Meliapor na Costa de Bengala. Os viajantes partem de Goa, em 2 de Junho de 1717, para a cidade de Canará, na região de Karnataka, acompanhados por 20 mosqueteiros na vanguarda, muitos carregadores e ajudantes, o Governador transportado num andor, e os outros portugueses em palanquins, dois cavaleiros com estandarte e bandeira portuguesa na vanguarda, soldados a cavalo na retaguarda, comportando-se com opulência, revestidos da autoridade do Acebispo Primaz da Igreja Católica na Índia (pág. 12), e abrindo a passagem pela Índia coercivamente quando necessário. O local seguinte – o caminho dos Gates  (pag. 65) – é uma cordilheira de montanhas correndo de norte para sul no território do Império Mogul no interior da Índia, sob o domínio do Rei Aurangabad. Menciona-se Mirizen, Mordessar, o rio Chachinacat (pag. 42), a igreja de Calianapor (pag. 46), a feitoria de Mangalor (pag. 57). Neste ponto o Governador evita contornar a India devido à dificuldade de passar os rios. Preferiu penetrar nas montanhas e nas florestas, e enfrentar a oposição dos nativos e de salteadores. Seguem depois para a cidade de Maissur (págs 84 e 85), hoje Mysore ou Mysuru, no Estado de Karnataka e localizada na base das montanhas Chamundi a sudoeste de Bangalore, onde chegam a 2 de Julho. Passam pelas cidades de Serigapatão, Mailur, Dungo, Dorincuthe e Magnicote. O autor entra no Reino ou Império Mogor (pag. 101). Este império encontra-se nesta data no seu último declínio, governado por senhores feudais independentes. Refere-se a passagem pelas cidades de Tannely, Carpaute, Sagdor, e mais adiante Grenupen. Depois o percurso seguirá para costa oriental da Índia. Os viajantes passam pela cidade de Velur, situado no Taluk, hoje pertencente ao actual distrito de Namakkal no Estado do Tamil Nadu na India. Trata-se, tal como o autor menciona (pag.103), da Costa do Coromandel que vai até Bengala. Na cidade de Velur a comitiva encontra, por mero acaso, um magnifico cavaleiro que será importantíssimo no resto da viagem por terra: trata-se do médico e cavaleiro da Ordem de Cristo João Baptista de Santo Hilário que endossará o Governador e apresentará a comitiva para as seguintes etapas. Antes da chegada à Fortaleza inexpugnável de Grenupen a comitiva é montada em cerimónia nos 'elefantes de estado' (p.133) com o Capitão da Guarda (e autor deste livro) a comandar o aparatoso desfile com inumeros elefantes, cavaleiros, regimentos e fanfarras). Segue-se a aclamação do Governador Albuquerque Coelho pelo povo e a entrada triunfal no castelo, sendo necessário conter a população (pag. 139) na sua calorosa euforia para com os portugueses. O Rei Mouro de Velur deu ao Governador 15 cavaleiros e 30 peões para o acompanhar até S. Tomé de Meliapor. Saem a 13 de Julho da Cidade de Velur 'tendo retumbado os ecos das honras com que fora recebido em Velur o Governador' (Pag. 155). No entanto a cidade de S. Tomé não estava com posses para expedir um barco para Macau. Porém o governador inglês de Madrasta recebeu o Governador português "com aplausos militares e as honras devidas". Aí não faltaram portugueses zelosos que preferiram arriscar o seu dinheiro e comprar um barco ao Governador do que por em perigo a honra da nação portuguesa (p.161). Embarcaram em 5 de Agosto e chegaram ao Achem, nas ilhas malaias, em 21 de Agosto. Os problemas com o barco obrigou a demorar mais um mês até Malaca, onde chegaram a 19 de Setembro. Aqui os holandeses quiseram cobrar as ancoragens antigas aos portugueses, e prenderam o piloto, sendo necessário navegar sem ele "metendo-se no Estreito de Singapura, e logo entraram pelo rio de Gior (Johor)". O autor descreve a costa de Singapura (pag. 192 e 193). O navio precisava de grandes reparações e a capacidade de as realizar dependeu dos entendimentos políticos com os governantes e as populações de Johor que são descritos até à página 245. O rei de Johor pede ajuda contra o Rajá Kecil [1718–1722]. No entanto o Rajá Kecil com a ajuda dos ingleses e com o consentimento dos portugueses fica senhor do Reino de Johor (pag. 303). Como contrapartida do apoio ao Rajá, o Governador Albuquerque Coelho quis garantir um lugar para os portugueses permanente em terra firme (fortaleza) e para a construção de uma igreja em Johor. Os ingleses com certas situações embaraçosas nas quais morre o seu capitão, pedem ajuda aos portugueses. Depois desta etapa o autor, o Governador, e a comitiva chegam a Macau, em  29 de Maio de 1718.

 In 8º,  18x12 cm. [16], 427 [1] pp.

Binding: Contemporary full calf, slightly worn. Slight foxing and slight worming on boards.

Copy with wide margins, being the text within typographic frames; decorative fleurons and capital letters.

Rare and important second edition (from the first printed edition in Macau in 1718, only 8 copies are known).

João Tavares de Vellez Guerreiro accompanied António Albuquerque Coelho as he took over the position as governor of Macau in 1718, and this work describes the story of that journey.

The "Jornada" was first printed in Macau in the year of arrival of the new governor, the last of a series of 11 books printed in Macau between 1662 and 1718 and the only one which contents are not religious. According to Boxer “this extremely rare work is the most curious of the whole series. (It) is moreover unique in its kind, in that it was not written or edited by missionary, nor does it deal with an ecclesiastical, scientific, of linguistic theme.”

The second part is entirely devoted to the stay of Albuquerque in Johore [Malaysia], between October 1717 and April 1718, where he was involved in a coup that led Raja Kechil to the power in that kingdom after the conquest of Miningkabau [in the north of Sumatra].

Inocêncio IV, 45 e X, 363. Inocêncio IV, 45. Pinto de Matos 545, “os exemplares desta edição são raros” Azevedo Samodães 3325. Ameal 3325. Cordier, Sinica 3219.

 


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Referência: 1604NM011
Local: M-9-A-3


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