CHRISOL PURIFICATORIO DE DESENGANOS, com a memoria da Eternidade, e consideraçaõ dos Novissimos do homem, e principaes Mysterios Divinos, PELO PADRE JOAÕ EUSEBIO NIEREMBERG DA COMPANHIA DE JESU, Traduzido de Castelhano em Portuguez, oferecido, e consagrado A’ SERENISSIMA RAINHA DOS ANJOS MÃY DE DEOS, E SENHORA DO UNIVERSO, MARIA SANTISSIMA Debaixo da invocação do Monte do Carmo. COIMBRA: Na Officina de LUIS SECO FERREIRA, Anno do Senhor de 1741 Com todas as licenças necessárias, E à sua custa.

In 8º [viii], 478, [xxvi] págs. Encadernação da época, inteira de pele, lombada com nervos e ferros a ouro.

Impressão em caracteres redondos e itálicos, a duas colunas, com gravura na folha de rosto, representando o sagrado Trigrama, cabeções, iniciais decoradas e florões de remate ao longo do texto.

Exemplar com assinatura de posse na folha de rosto: «Carmo de Vianna 1781», com recorte de uma ficha do catálogo do leilão onde foi adquirido: «Lote 1380 do Catálogo nº 28 de Manuel Ferreira» e ex-libris de Henrique Botelho colado no interior da pasta anterior.

As folhas preliminares incluem a dedicatória impressa em caracteres itálicos e subscrita pelo impressor, prólogo ao leitor, advertências das meditações mais importantes desta obra e summa dos capítulos. As folhas finais contêm índice das coisas notáveis e licenças.

Obra muito popular publicada pela primeira vez em 1640, foi editada 55 vezes em espanhol e traduzida para grande número de línguas.

Esta é a 6.ª edição, pouco comum, desta tradução portuguesa de autor anónimo, tendo as anteriores sido publicadas em 1676, 1681, 1692, 1701, 1711, 1741.

É muito representativa da vivência da fé característica da chamada «Contra Reforma». Nas advertências afirma-se: «Neste livro se tratão os pontos mais principaes que à para reformar a vida de hum Christão, os quais se não havião somente de ler, mas meditar de espaço: com o que experimentaria huma alma grande proveito:»

João Eusébio Nieremberg y Otin (Madrid, 1595 – 1658) filho de pais alemães, escritor, teólogo, foi membro da Companhia de Jesus e distinguiu-se pelo seu misticismo patente nas numerosas obras (mais de 84) que escreveu em espanhol e latim sendo ainda algumas delas reconhecidas como clássicos do misticismo espanhol, pois destacam-se pela erudição, nobreza e pureza de dicção e pela concisão e estrutura das frases. 

Estudou os clássicos e o Direito Canónico em Alcalá e em Salamanca, onde entrou para a Companhia de Jesus em 1614. Estudou grego e hebraico no Colégio de Huete, artes e teologia em Alcalá, foi ordenado em 1623 e fez a sua profissão em 1633. No Colégio Imperial de Madrid, ensinou ciências humanas, história natural e Sagrada Escritura. Foi nomeado confessor real da Duquesa de Mântua, neta de Filipe II. Notável pela sua vida exemplar, e pelas suas orações, foi um dos mais prolíficos escritores de seu tempo.  

Inocêncio não regista qualquer das edições desta tradução.

Palau (1990) V, 300. Menciona as 1.ª, 2.ª, 4.ª e esta 6.ª, edição.