Com todos os modelos e medidas para fazerem toda a navegação, assy de alto bordo como de remo traçado por Manuel Fernandes oficcial do mesmo officio na era de 1616. Academia de Marinha. Lisboa. 1989.

De 47x37cm. [iii], [iii], 140 fólios. Encadernação do editor a imitar as antigas inteira de pele com rótulos e ferros a seco nas pastas. Muito ilustrado com gravuras do fólio 71 em diante com desenhos de modelos, alguns desdobráveis, outros de página dupla. Fac-simile colorido do manuscrito original existente na Biblioteca do Palácio Nacional da Ajuda. 

Foi impresso na Litografia Tejo, exemplares em papel vergê especialmente fabricado para esta Edição pela Companhia do Papel de Porto de Cavaleiros, S. A, com encadernação de Paulino Ferreira & Filhos, Lda. 

Exemplar 156 de uma tiragem de 2000.  

Edição, com nota de apresentação de Rogério S. G. Oliveira, integrada no Programa Nacional de Edições Comemorativas dos Descobrimentos Portugueses e patrocinada pela Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, pela Sociedade Portuguesa de Navios Tanque e pela Companhia do Papel de Porto de Cavaleiros, SARL.

É consensualmente considerado a mais formidável contribuição de Portugal para a história das viagens navais e o principal tratado português de construção naval conhecido, verdadeiro repositório das técnicas de construção e arquitectura naval da época dos Descobrimentos.

Manuel Fernandes foi um ilustre desconhecido durante muito tempo, não sendo referido por Barbosa Machado nem por Inocêncio. As investigações realizadas por vários estudiosos depois da primeira referência por Sousa Viterbo, levou a um conjunto de referências biográficas consensuais registadas abaixo. No entanto, outros documentos também poderão ser referentes a ele, identificando-o como piloto, tais como: Exame para piloto das ilhas da Guiné e Brasil, em Outubro de 1602, perante João Baptista Lavanha, Salvador Luís e Domingos Barbosa; em 1615 foi examinador de pretendentes ao título de pilotos das rotas das ilhas, da Guiné e S. Tomé e em 1615, segundo documento conservado no Arquivo Municipal de Vila do Conde, um filho de Manuel Fernandes e Catarina Gonçalves casou com a filha de uma das mais importantes famílias da cidade. Estes documentos identificam-no como residente em Alfama. Estes três documentos podem ser sobre um homónimo, de Manuel Fernades, mas se forem referentes a ele poderão explicar a riqueza do manuscrito e o retrato cerimonial do autor com que ele se inicia, coloconado assim sobre uma nova luz o estatuto social que poderião atingir os pilotos e mestres carpinteiros no século XVII, como Carla Rahn Phillips refere.    

Manuel Fernandes (1580? - 1650?) Em 30 de Março de 1620, foi nomeado Mestre Carpinteiro dos Estaleiros de Goa, na sucessão de Manuel Temudo, não chegando a tomar posse. Em 1648 foi-lhe concedido uma tença anual de dois moios de trigo, pelos seus serviços como contra mestre de carpintaria de navios e mestre de galés, sendo esta tença transferida para a sua mulher em 1650, que terá sido a data da sua morte.  

Ref: 

Carla Rahn Phillips - Manuel Fernandes and his 1616 «Livro de traças de carpintaria». The American Neptune: Maritime History and Arts, 60, 1 (2000), 7-29   

Melba Ferreira da Costa - Acerca do Livro de Traças. Oceanos 2 (Out. 1989) p. 122-128

Eugénio Estanislau Barros - Traçado e construção das naus portuguesas dos séculos XVI e XVII. Lisboa: Imprensa da Armada, 1933 

Francisco de Sousa Viterbo - Trabalhos náuticos dos portugueses nos séculos XVI e XVII. Lisboa,1890, 2.º Vol., p. 55 

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