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RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA. |
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Clique nas imagens para aumentar. PHOTOGRAPHIA MORAES. FOTOGRAFIA – ANGOLA – SÉC. XIX. ALBUM DE LOANDA. ANGOLAPHOTOGRAPHIA MORAES. 1894. Conjunto de 16 albuminas. Formato da mancha gráfica: 21x27 cm. Montagens em cartolinas de 36,5x43,5 cm. Acondicionado em pasta original dos fotógrafo/editor em percalina vermelha. Título gravado a ouro: “Album de Loanda – Angola” na aba exterior superior e na aba exterior inferior também a ouro “1894 – Photographia Moraes”. As duas abas exteriores são presas com atilho. Conjunto com fotografias originais com vistas e panoramas da cidade de Luanda, apresentando as seguintes legendas: 1) Loanda – Vista da cidade; 2) Loanda – Cidade alta; 3) Loanda – Cidade baixa; 4) Fortaleza de S. Miguel; 5) Caes da Companhia do Quanza; 6) Alfândega; 7) Deposito da Divisão Naval; 8) Palácio do Governo; 9) Rua de Salvador Corrêa; 10) Estátua de Salvador Corrêa; 11) Estátua de Pedro Alexandrino; 12) Hospital Maria Pia; 13) Hospital e Abegoaria; 14) Estação principal do Caminho de Ferro Loanda; 15) Estação [de caminhos-de-ferro] da cidade alta; 16) Deposito do material do Caminho de Ferro de Loanda. Este testemunho fotográfico é da maior importância para a história da cidade de Luanda e documenta a estrutura geral da rede urbana (panoramas da cidade, ruas), a actividade quotidiana dos seus habitantes (em quase todas as fotografias), salientando-se na paisagem urbana a arquitectura e organização paisagística da época, com muitos espaços verdes em toda a cidade e nos terrenos circundantes. Retrata a vida quotidiana da cidade, assim como os trajes e costumes dos seus habitantes. As imagens dos diversos edifícios e locais evidenciam o progresso e a economia crescentes de Luanda na época, com infrastruturas sólidas a nível social (hospital, hotel), comercial (abegoaria, porto, estação e depósito dos caminhos de ferro), militar (fortaleza de S. Miguel) e político (palácio do Governo, depósito da Divisão Naval). As fotografias da estátua de Salvador Corrêa (comandante da frota que reconquistou Angola aos holandeses em 1648) e da estátua de Pedro Alexandrino, governador de Angola de 1845 a 1848 e grande explorador da costa ocidental de África, reflectem a preocupação do fotógrafo em captar ícones da história de Angola. Portugal reiniciou as explorações científico-geográficas no continente africano a partir da segunda metade do século XIX e surgem em consequência da cada vez maior presença de outras nações europeias (nomeadamente, ingleses, franceses, holandeses, alemães e espanhóis) em África. A partir da década de 1870 ficou claro que apenas o direito histórico não seria suficiente e que a presença portuguesa dependia do alargamento para o interior das possessões reclamadas. Para tal começaram a ser organizados planos destinados a promover a exploração do interior da África. Nesse contexto, a Sociedade de Geografia de Lisboa, defendendo a necessidade de formar uma barreira às intenções expansionistas britânicas, organizou uma subscrição permanente para manter estações civilizadoras na zona de influência portuguesa do interior do continente, definida num mapa como uma ampla faixa da costa à contracosta, ligando Angola a Moçambique. Nascia assim o chamado "Mapa Cor-de-Rosa". No entanto, esta ligação entrava em conflito com o projecto britânico de criar uma ferrovia que unisse a África de Norte a Sul (Cairo-Cidade do Cabo), e os conflitos que daí resultaram culminaram no ultimato de 1890 e, dada a falta de capacidade de resposta de Portugal às forças britânicas, coloca um fim nas pretensões portuguesas enunciadas no Mapa Cor de Rosa. José Augusto da Cunha Moraes (1855-1933) é o autor deste documento fotográfico e considerado um dos melhores fotógrafos portugueses do século XIX. Viveu durante o período em que se iniciaram as grandes viagens de exploração científica no continente africano, retratando de forma exemplar a África Ocidental, sendo as suas imagens consideradas verdadeiras obras de arte.
Descrição das fotografias: 1) Loanda – Vista da cidade: Panorâmica da cidade de Luanda com vista sobre a baía de Este para Oeste e a Fortaleza de São Miguel na esquerda alta. Em primeiro plano, uma pequena horta e ao centro uma praça da cidade com grupos de habitantes nas suas actividades diárias. 2) Loanda – Cidade alta: Vista para torreão e Palácio do Governador. Na Cidade Alta encontravam-se concentrados os três poderes coloniais: político-administrativo, militar e religioso. 3) Loanda – Cidade baixa: Vista sobre o porto, com navios fundeados nas docas e ao largo. O desenvolvimento da actividade mercantil deu origem ao estabelecimento, na Cidade Baixa, das grandes firmas e armazéns que fizeram prosperar a urbe luandense. As primeiras construções com carácter definitivo eram marcadas pelo cunho dessa actividade predominante. As construções dessa época histórica possuíam, regra geral, um rés-do-chão que era ocupado para fins comerciais ou o armazenamento de produtos, um andar superior que se destinava à habitação dos proprietários e empregados (...). [Manuel Caboco, in “Jornal Angolano de Artes e Letras”] 4) Fortaleza de S. Miguel vista a partir do porto com veleiros e barcos de pesca fundeados. A fortaleza de São Miguel foi a primeira fortificação a ser construída em Luanda, ainda no século XVI, em taipa e adobe. Sofreu várias reformas nos séculos XVII e XVIII, sendo as mais significativas as efectuadas pelo governador D. Francisco de Sousa Coutinho (1764-1772), que mandou construir armazéns acasamatados e uma cisterna abobadada. O acesso ao interior faz-se por porta fortificada, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, e encimado por espaldar de cantaria com brasão de Portugal. A fortaleza de São Miguel foi a única fortificação africana onde se fundiram canhões para a sua defesa. 5) Caes da Companhia do Quanza: Panorâmica do Cais da Companhia do Quanza em plena actividade de estiva, com veleiros e um barco a vapor ao centro. A Companhia de Navegação a Vapor do Quanza iniciou a primeira rota regular de barcos a vapor entre o Dondo (província do Quanza Norte) e Luanda em 1866. Foi fundada em 1864 e comprada em 1882 por Izaac Zagury & Ca. Marcus Zagury, negociante judeu instalado no Dondo e com ligações a capitais britânicos, teve um papel importante como intermediário de estaleiros ingleses. 6) Alfândega: Cais e edifício da Alfândega em plena actividade, com cargas e descargas de embarcações e intensa actividade humana e comercial. 7) Deposito da Divisão Naval: panorâmica do complexo do depósito, com os edifícios que o compõem, ancoradouro e actividade humana. 8) Palácio do Governo: panorâmica do Palácio do Governo. O Palácio do Governo foi construído em 1761 no mesmo local onde estava a antiga Caza da Camara construída no início do século XVII. A nova traça é marcadamente pombalina com dois corpos paralelos unidos por um corpo central, a fachada anterior constituída por uma sequência de janelas de sacada, enquanto na fachada posterior predominava uma imponente escadaria barroca. 9) Rua de Salvador Corrêa: vista da rua arborizada, com coreto em primeiro plano à direita e à esquerda diversos edifícios, o primeiro com o letreiro “Typographia”, onde se imprimiu o primeiro jornal angolano, o “Boletim Official”, tendo o seu dono, Pompílio Pompeu de Carpo, efectuado o primeiro esboço dos caminhos de ferro angolanos, que iriam ligar Luanda a Calumbo (projecto que não foi concretizado). 10) Estátua de Salvador Corrêa: Salvador Correia de Sá e Benevides reconquistou a cidade de São Paulo de Luanda em 15 de Agosto de 1648 e foi governador de Angola entre 1648 e 1651. A sua estátua, mandada fazer em alvenaria por subscrição pública de uma elite de comerciantes abastados de Luanda, foi inaugurada na Cidade Alta, na chamada Praça do Palácio, defronte do Palácio dos Governadores e da Igreja de Jesus, antigo Colégio dos Jesuítas, a 1 de Março de 1874. O pedestal ostenta, gravado, o seguinte dístico: A Salvador Correia de Sá e Benevides Restaurador de Angola em 1648. 11) Estátua de Pedro Alexandrino: Estátua em pedestal de Pedro Alexandrino da Cunha e à esquerda o edifício do Hotel Paris. A estátua de Pedro Alexandrino da Cunha resultou de uma recolha de fundos entre os comerciantes de Luanda para homenagear o governador-geral de Angola entre 1845 e 1848. Diversas medidas marcaram a sua administração, nomeadamente a regulamentação de vários sectores da cidade, desde a recolha do lixo, à presença dos animais nas ruas, iluminação, horários do comércio e diversas disposições que deram à cidade outra ordem e mais vida. Com a criação do “Boletim Official” passou a ser considerado o pioneiro da Imprensa Angolana. 12) Hospital Maria Pia: panorama da entrada com início de arborização da alameda. A construção do Hospital foi autorizada por portaria regia de 17-09-1864 e aprovada a sua implementação no local onde se situavam as ruinas do extinto convento de São José dos Terceiros Franciscanos. As obras foram iniciadas apenas em Julho de 1865 e o novo edifício foi inaugurado no dia 1 de Julho de 1883, com a denominação de Hospital D.Maria Pia, em honra da Rainha D. Maria Pia de Sabóia, esposa do Rei D.Luis I, então reinante. 13) Hospital e Abegoaria: Em primeiro plano a Abegoaria Munipal de Luanda, onde eram armazenadas carroças (visíveis na foto), instrumentos agrícolas e gado. Ao fundo o Hospital D. Maria Pia. 14) Estação principal do Caminho de Ferro Loanda [Bungo]: A ligação de Luanda a Malange por comboio foi inaugurada em 1861, inciando-se na estação do Bungo e passando por diversas localizações na cidade de Luanda, terminando o percurso urbano na estação da Cidade Alta. 15) Estação [de caminhos-de-ferro] da cidade alta: Edifício da estação com carruagens e vagões de mercadorias e trabalhadores dos caminhos de ferro, com panorâmica sobre o bairro social e ao fundo os edifícios da Cidade Alta. A estação foi inaugurada em 31 de Outubro de 1888, com a inauguração do percurso de 45 quilómetros entre Luanda e a Funda. “O governador decretou feriado e o comércio de Luanda fechou para todos irem à Estação da Cidade Alta ver partir o comboio, puxado por uma moderna máquina Armstrong.” [in “Marcofilia das Colónias Portuguesas”] 16) Deposito do material do Caminho de Ferro de Loanda: panorâmica do complexo do depósito, com os edifícios que o compõem, a linha férrea, apeadeiro, estaleiro com carruagens. Na baía, ao fundo, vislumbram-se veleiros fundeados e em primeiro plano um núcleo de habitações rurais com actividade humana. José Augusto Cunha Morais (Coimbra 1855 – Porto 1933) Um dos maiores fotógrafos portugueses. Desenvolveu actividade em África entre 1877 e 1894 e posteriormente em Portugal, onde se estabeleceu no Porto e foi sócio de Emílio Biel, dirigindo a secção de publicações desta casa e colaborando entre muitas outras edições na célebre obra «A Arte e a Natureza em Portugal». Recebeu inúmeros prémios, em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente em 1884, 1885 e 1886. Ver: Sara Silva In: fotojornalismo13 wordpress com Referência: 1509JC012
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