RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

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SÁ. (José António de) DISSERTAÇÕES PHILOSOPHICO-POLITICAS SOBRE O TRATADO DAS SEDAS NA COMARCA DE MONCORVO

DEDICADAS À SOBERANA MAGESTADE DA MUITO ALTA RAINHA DE PORTUGAL D. MARIA I. NOSSA SENHORA PELO DOUTOR JOSÉ ANTÓNIO DE SÁ, Oppositor ás Cadeiras de Leis da Universidade de Coimbra, Correspondente da Real Academia das Sciencias de Lisboa, e Juiz de Fora da mesma Villa de Moncorvo. LISBOA. Na Offic. da ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS. Anno M.DCC.LXXXVII [1787]. Com licença da Real Mesa Censoria.

De 21x15 cm. Com [viii], xiii, [iii], 175, [i em br.] págs. Encadernação da época inteira de pele com rótulo vermelho com título e ferros a ouro na lombada.

Ilustrado com uma gravura desdobrável em extratexto, representando uma máquina para recolha do fio de seda, entre as páginas 168 e 169. Inclui o brasão de armas reais portuguesas na folha de rosto e um belo cabeção na página 1 com uma representação estilizada do emblema da Academia Real das Ciências, ornada com motivos vegetalistas.

Páginas preliminares com dedicatória do autor a Dona Maria I; prefácio que inclui a transcrição do «Provimento extraído do livro das Amoreiras» da Câmara de Moncorvo, nas páginas com numeração romana; e uma lista das amoreiras distribuídas para plantação em 1787, com o verso em branco, nas três páginas não numeradas seguintes.

Primeira e única edição. Obra muito rara, apenas um exemplar na Biblioteca Nacional Portugal. Muito importante para o estudo da história da indústria das sedas em Trás-os-Montes nos finais do século XVIII.

A obra foi motivada pela revitalização da indústria da seda em Portugal, impulsionada pelas políticas reformistas do reinado de D. Maria I. Na dedicatória, José António de Sá expressa o seu reconhecimento ao apoio real ao destacar que a indústria da seda, já responsável pela riqueza de muitas nações, estava a renascer em Portugal graças às «providências sólidas» ditadas pela monarca. Estas incluíam o plantio de amoreiras em várias províncias e a vinda de especialistas estrangeiros para ensinar as melhores práticas da região de Piemonte, em Itália, conhecida pela sua excelência na produção de seda.

Aliás, esta obra surge precisamente no seguimento do sucesso inicial de um projeto de plantação de amoreiras no distrito de Moncorvo, elaborado pelo próprio José António de Sá, que decidiu reunir e divulgar conhecimentos teóricos e práticos sobre a produção de seda, baseando-se em autores de referência e nas discussões com o especialista italiano Mattheus Bissignandi. No prefácio, Sá inclui o «Provimento extraído do livro das Amoreiras» da Câmara de Moncorvo, que apresenta o plano de investimento para a promoção da cultura da seda, assim como uma lista das amoreiras distribuídas para plantação em 1787, refletindo as iniciativas concretas para garantir a sustentabilidade da indústria na região.

Obra está organizada em três dissertações principais: a primeira aborda a importância económica da seda para Portugal; a segunda descreve o ciclo de vida do bicho-da-seda; e a terceira discute as técnicas avançadas de fiação piemontesas, que Sá propõe adotar para melhorar a qualidade da seda portuguesa.

A produção de seda em Trás-os-Montes tem uma história rica e complexa, profundamente enraizada no contexto económico e social da região desde o final da Idade Média. As condições climáticas favoráveis ao cultivo da amoreira permitiram que a sericultura prosperasse, especialmente durante o Antigo Regime, quando a seda era um produto de luxo destinado à aristocracia e à alta burguesia. A indústria da seda foi uma das poucas atividades manufatureiras que prosperou na região, contando com a participação significativa de mão de obra feminina e beneficiando da introdução de novas técnicas produtivas, incluindo a criação de teares e fábricas para o processamento do fio de seda.

No século XVIII, particularmente entre as décadas de 1770 e 1780, a indústria da seda em Trás-os-Montes experienciou um período de grande expansão, impulsionada por reformas políticas e económicas, medidas estatais de incentivo à produção, e pela introdução de técnicas avançadas trazidas por especialistas piemonteses. Neste contexto, o Marquês de Pombal teve uma influência decisiva ao promover políticas protecionistas que visavam fortalecer a economia nacional e reduzir a dependência das importações. Entre as suas medidas mais notáveis esteve o incentivo à sericicultura, com a plantação de amoreiras em várias regiões e a criação de infraestruturas como o Jardim das Amoreiras, em Lisboa, e a Real Fábrica das Sedas, que simbolizaram os esforços de modernização industrial do seu governo. Este ambiente reformista facilitou o surgimento de figuras como José António de Sá, que desempenharam um papel crucial no desenvolvimento e modernização da sericicultura em Trás-os-Montes.

No entanto, o século XIX trouxe desafios significativos para a sericultura em Trás-os-Montes. As invasões francesas, as guerras peninsulares e as mudanças decorrentes da Revolução Liberal provocaram uma gradual decadência da indústria. Apesar das tentativas de revitalização, como reformas e investimentos em infraestrutura, a competição externa e a introdução de novas fibras sintéticas acabaram por diminuir a viabilidade económica da produção de seda, marcando o início do seu declínio na região.

A história da seda em Trás-os-Montes é um exemplo marcante de como uma região relativamente isolada e rural conseguiu, através de adaptação e inovação, tornar-se num centro de produção de um dos produtos mais luxuosos e valorizados da sua época. Embora a sericultura tenha eventualmente entrado em declínio, o legado desta indústria permanece como parte importante da história e identidade de Trás-os-Montes.

José António de Sá (Bragança, 1756 - Sete Rios, 1819) foi uma figura notável, especialmente conhecido pelo seu contributo para o desenvolvimento e modernização da sericultura em Portugal. Doutor em Leis pela Universidade de Coimbra em 1782, Sá inicialmente considerou seguir uma carreira académica, mas acabou por optar pela magistratura. Foi nomeado juiz de fora de Moncorvo e mais tarde desembargador da Relação do Porto.

No início do século XIX, assumiu o cargo de superintendente geral das Décimas da Corte e do Reino, cargo criado especificamente para ele; juiz conservador da Real Companhia do Novo Estabelecimento para a Criação e Torcidos das Sedas, instituída por alvará em 1802; e diretor da Real Fábrica das Sedas e Águas Livres. Foi ainda conselheiro honorário da Fazenda, cavaleiro professo da Ordem de S. Tiago da Espada e sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. 

José António de Sá foi um defensor ardente da sericultura como motor económico da região de Trás-os-Montes, argumentando que esta atividade não só contribuiria para o desenvolvimento económico local, mas também fortaleceria o comércio nacional. Para ele, a seda era muito mais que um produto de luxo; era uma indústria essencial, capaz de tornar Portugal «solidamente rico e opulento». A obra «Dissertações Philosophico-Politicas sobre o Trato das Sedas na Comarca de Moncorvo», reflete a sua profunda compreensão das potencialidades económicas da seda e a sua visão estratégica para integrar a sericultura nas práticas agrícolas locais.

Faleceu a 14 de fevereiro de 1819, numa idade avançada, na quinta do Pinheiro, em Sete Rios, onde foi sepultado na capela local. Deixou vários manuscritos por publicar, em especial sobre Trás-os-Montes e Moncorvo, tendo parte destes sido publicados por Fernando de Sousa, em 1974 e 1997.

Ref:

HISTÓRIA DA INDÚSTRIA DAS SEDAS EM TRÁS-OS-MONTES, Volume I. Fernando de Sousa. Edições Afrontamento. Porto. 2006.

Fernando de Sousa - Uma descrição de Trás-os-Montes por José António de Sá. População e Sociedade, n.º 3. CEPESE. 1997.

Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico VI, 429-430. 

Inocêncio IV, 246, n.º 2658.


Temáticas

Referência: 1709NM001
Local: M-18-C-13


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