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RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA. |
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Clique nas imagens para aumentar. COUTO. (Diogo do) O SOLDADO PRÁTICO. [4.ª EDIÇÃO]Texto restituido, prefácio e notas pelo Prof. M. Rodrigues Lapa. 3.ª Edição. Clássicos Sá da Costa. Nova Série. Livraria Sá da Costa Editora. Lisboa. 1980. De 21x13 cm. Com vi, 216, [i] págs. Brochado. Exemplar com ligeiros sinais de manuseamento nas capas e na lombada. Quarta edição impressa do segundo diálogo do Soldado Prático de Diogo do Couto, com base no códice 463 da Biblioteca Nacional de Lisboa (BNL), que contém apenas a segunda versão do diálogo, datado de 1612. Após a primeira edição dos diálogos do Soldado Prático, organizada por António Caetano do Amaral e publicada em 1790 pela Academia Real das Ciências, a obra só foi novamente revisitada já no século XX, com três edições da Livraria Sá da Costa organizadas por Rodrigues Lapa, entre 1937 e 1980. Desde então surgiu uma edição da Europa América em 1988 e duas edições críticas de cada diálogo, que oferecem comentários e notas atualizadas, assim como uma leitura mais atual. São os trabalhos de António Coimbra Martins (Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2001) sobre o primeiro diálogo; e de Ana Maria García Martin («Biblioteca Lusitana: Clássicos de Língua Portuguesa» — Angelus Novus e Centro de Literatura Portuguesa - Universidade de Coimbra, 2009), sobre o segundo. O Soldado Prático, obra complexa e crítica de Diogo do Couto, é fundamental para a compreensão dos problemas da administração colonial portuguesa na Índia no século XVI e constitui uma importante fonte histórica. Marco na historiografia e literatura da época. É importante esclarecer que existem dois diálogos distintos com o título Soldado Prático, ambos escritos por Diogo do Couto. O primeiro diálogo, mais curto e com uma linguagem popular, encontra-se no manuscrito A-1572 da Academia de Ciências de Lisboa. Este diálogo, otimista e descrito, apresenta apenas dois personagens: o soldado e o fidalgo. O segundo diálogo, mais longo, complexo, erudito e com um tom de dissertação moral e cívica, encontra-se em duas versões: uma no mesmo manuscrito A-1572 da Academia de Ciências de Lisboa e outra no manuscrito n.º 463 da Biblioteca Nacional de Lisboa. Tem três intervenientes: um soldado experiente, um fidalgo (que foi governador da Índia), e um despachador da Casa da Índia. A obra retrata a decadência da empresa oriental portuguesa na Índia, expondo a corrupção e a ineficácia do sistema colonial. O soldado prático, um alter-ego do próprio Couto, critica a política de nomeação de vice-reis para mandatos curtos de três anos, o poder excessivo que detinham, a nomeação de fidalgos sem experiência, e a intervenção da igreja na política. Couto também critica a subordinação das armas ao comércio e o sistema de pagamento de soldos. Para além da exploração das minas de ouro de Monomotapa, o autor sugere como solução um mandato de seis anos para os vice-reis, a extinção da capitania-mor do mar da Índia, o reforço da expansão militar, a mudança da capital para Baçaim, e a criação de bases cívicas e sociais para a cultura portuguesa na Índia. Couto defende ainda uma política de casamento que proteja as mulheres, viúvas e órfãs. O manuscrito original do Soldado Prático, redigido por volta de 1564, durante o reinado de D. Sebastião, foi roubado a Diogo do Couto na Índia. Apesar desse infortúnio, cópias manuscritas da obra circularam tanto em Portugal como na Ásia, o que demonstra o interesse suscitado pelas suas ideias e críticas. Tendo conhecimento da circulação do seu manuscrito, Couto reescreveu e melhorou a sua obra, o que resultou em diferentes versões do Soldado Prático. A segunda versão foi composta para publicação no início do século XVII, depois de Couto ter sido informado que a primeira versão continuava a circular em manuscrito. O Soldado Prático apresenta-se como um manual de governança, expondo os males do sistema e as soluções para a sua melhoria. A obra, especialmente na sua segunda versão, reflete a desilusão de Couto com a possibilidade de reforma do sistema colonial, sentimento partilhado por outros autores contemporâneos como Luís de Camões. Embora o Soldado Prático tenha tido algum sucesso na sua circulação manuscrita, o seu impacto histórico foi maior após a morte de Couto. A obra tornou-se um dos textos mais importantes sobre a decadência do Império Português no Oriente, influenciando o pensamento e a historiografia posterior. Apesar de não ter alcançado publicação em vida do autor, a obra serviu de inspiração para outros trabalhos, como o Primor e Honra da Vida Soldadesca no Estado da Índia (1578) e a Reformação da Milícia e Governo do Estado da Índia Oriental (início do século XVII). O discurso decadentista do Soldado Prático ecoa nas Décadas da Ásia e nas Orações de Couto, consolidando a sua visão crítica da administração portuguesa na Índia. Este impacto tardio deve-se, em grande parte, ao facto de o contexto político e social do século XVII se ter mostrado mais recetivo às críticas de Couto, num momento de crise e desilusão, em consequência do desastre de Alcácer-Quibir e da crise dinástica. Diogo do Couto (Lisboa, 1542 – Goa, 1616) foi um humanista renascentista que aliou a carreira militar à literária, deixando um legado literário fundamental para a compreensão da história do Império Português e para o estudo da literatura portuguesa do século XVI. Filho de Gaspar do Couto, um novo fidalgo sem linhagem anterior que servia o Infante D. Luís, os seus primeiros anos de vida foram marcados pelo serviço na casa do Infante D. Luís, onde também se iniciou aos dez anos. Teve uma formação notável, com o padre Manuel Álvares como mestre de latim, um famoso gramático da Companhia de Jesus. Recebeu também lições de retórica dos padres Cipriano Soares e Francisco Rodrigues, conhecido como 'o Manquinho,' e de esfera (geografia) com o padre Francisco Rodrigues. Após esses estudos iniciais, Couto frequentou o mosteiro de Benfica, onde estudou filosofia com Frei Bartolomeu dos Mártires, um homem considerado um dos mais sábios e virtuosos da sua época. Durante este período, foi companheiro de estudos de D. António, filho do Infante D. Luís e futuro Prior do Crato. Após a morte do Infante D. Luís em 1555, e pouco depois, a do seu pai, Diogo do Couto partiu para a Índia em 1559, em busca de honra e proveito. Na Índia, Couto serviu como soldado, participando em ações militares como a jornada de Surrate em 1561 e a ocupação de Mangalor em 1568. Desenvolveu amizade com o vice-rei D. Antão de Noronha, com quem regressou a Portugal em 1569 para apresentar os seus serviços a D. Sebastião e, possivelmente, apresentar a primeira versão do seu Soldado Prático. Em 1571, voltou à Índia com D. António de Noronha, que se tornou vice-rei, e foi nomeado feitor dos armazéns de Goa. Após um período de afastamento do poder político durante o governo de António Moniz Barreto, Couto manteve relações com outros governadores e vice-reis. Casou-se com D. Luísa de Melo, e mais tarde, destacou-se como cronista da Ásia. Na Índia, reencontrou o seu «especial amigo» Luís de Camões, com quem tinha estudado em Portugal. Há indícios de que Couto, durante a sua estadia na Índia, pode ter comentado os Lusíadas a pedido de Camões. Em 1569, tanto Couto como Camões regressaram a Portugal na mesma embarcação. Nos últimos anos da sua vida, Diogo do Couto dedicou-se intensamente à escrita das Décadas da Ásia, tornando-se orador oficial em eventos de novos vice-reis. Foi nomeado Guarda-Mor da Torre do Tombo de Goa e Cronista-mor da Índia em 1595, sucedendo a João de Barros. Como cronista, Couto enfrentou resistências e desconfianças devido à sua honestidade e rigor histórico, o que o levou a ter «muitos desgostos com soldados e capitães». Teve dificuldades em obter documentos para escrever as Décadas, e o seu trabalho foi por vezes dificultado pela má vontade de algumas figuras de poder. Apesar de ter alcançado um estatuto político consolidado, continuou a criticar o sistema, refletindo sobre os problemas e a decadência do Estado da Índia, uma preocupação que já se manifestava na sua primeira obra, o Primeiro Soldado Prático. Faleceu em 1616, deixando um legado de importantes obras que revelam a sua visão crítica e o seu profundo conhecimento dos assuntos do Oriente. Ref.: Nuno Vila-Santa. O Primeiro Soldado Prático de Diogo do Couto e os seus contemporâneos. Academia da Marinha. 2018. Marcia Arruda Franco (USP). O soldado prático, de Diogo do Couto. Via Atlântica. N.º 19. pp 203-208. Universidade de São Paulo. 2011. Referência: 2007SA260
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