RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

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CARMO FERNANDES. (Rui do) RELATÓRIOS DO CHEFE DO SERVIÇO DE NAVEGAÇÃO DO N.R.P. AVISO DE 2.ª CLASSE «JOÃO DE LISBOA». [1949-1951]

Aviso de 2.ª classe «João de Lisboa». [Vol. I] - Referido ao periodo de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 1949. [Vol. II] - Referido ao periodo de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 1950 [Vol. III] - Referente ao periodo de I-I-951 a 5-X-951.

3 Volumes de 27x21 cm. Com [i], 110; [i], 73; 118, [ii] folhas dactilopolicopiadas apenas pela frente. Encadernações em tela encerada azul, com gravações a ouro nas lombadas.

Profusamente ilustrado com tabelas, gráficos e mapas, dos quais muitos são desdobráveis. Grande parte dos gráficos são feitos à mão. Em extratexto tem os seguintes mapas desdobráveis: 2 com as rotas dos tufões e depressões tropicais, de Junho de 1949 a Dezembro de 1950; um mapa com as zonas de tufões no extremo oriente; 6 mapas do Real Observatório de Hong Kong com as rotas dos tufões de Setembro de 1947 a Dezembro de 1949; uma carta hidrográfica da Colónia de Macau; impresso a cores com os sinais de tufão a serem içados nos mastros dos portos de Macau; anexo de 12 folhas, com boletins meteorológicos das zonas costeiras de Lourenço Marques a Luanda; e 1 mapa com a rota completa de toda a viagem de ida e volta a Lisboa.

No texto contem gráficos escritos à mão sobre papel milimétrico e inseridos nas folhas; tabelas de velocidades utilizadas; tabelas das distâncias percorridas e das distâncias entre portos; mapas com as rotas percorridas entre cada escala; esquema do canal dragado que dava acesso ao porto de Macau; mapas das passagens nos estreitos de Banka, Basilan e I. Nogas    

Documento de arquivo, de que foram feitas muito poucos exemplares, para circulação restrita. Muito importante para o estudo do Programa Naval de 1933, para a história da Marinha de Guerra Portuguesa, para as suas missões executadas no Índico e no Extremo-Oriente, assim como para a história de Macau, Timor, Goa, Damão, Diu e Moçambique.    

Reúne relatórios de bordo muito minuciosos sobre a viagem de soberania e de afirmação da presença de Portugal, nos mares do Estremo-Oriente e no Índico, onde se situavam os territórios de Macau e Timor, missões que eram periódicamente executadas pelo navios de guerra do tipo aviso, que foram adiquiridos no programa de 19339, precisamente com o fim de garantir a presença de Portugal nos seus territórios ultramarinos.

Descrevem as condições meteorológicas, das rotas escolhidas, dos movimentos do navio, das distâncias percorridas, do material utilizado durante as viagens que o NRP João de Lisboa realizou entre 1949 e 1951. O primeiro volume foca-se na viagem de Lisboa a Macau, o segundo de Macau a Diu e o último de Hong Kong a Lisboa, passando por Dili e Macau. 

O NRP João de Lisboa, que recebeu o nome de um dos mais célebres navegadores e cartógrafos portugueses do século XVI, foi construído no Arsenal da Marinha, em Lisboa, e lançado ao mar a 21 de maio de 1936. Inicialmente designado como «Infante D. Henrique», foi rebatizado pouco antes do seu lançamento. Pertencia à classe «Pedro Nunes», com o número de amura F 477, este aviso de 2.ª classe serviu nessa função durante 24 anos, até 1960. Equipado com dois motores MAN de 1.200 cavalos cada, o navio atingia uma velocidade máxima de 16,5 nós. O seu armamento incluía duas peças Vicker’s Armstrong de 150 mm e quatro metralhadoras antiaéreas Vicker’s Armstrong de 40 mm.

O programa naval português da década de 1930 previa a construção de vários navios de guerra concebidos para atuar no Império Colonial Português, classificados como avisos coloniais. Estes navios correspondiam a um conceito semelhante ao das canhoneiras da transição do século XIX para o XX, mas eram mais avançados e com maiores capacidades. Foram construídos avisos de 1.ª classe (classe Afonso de Albuquerque, de 2400 toneladas) e de 2.ª classe (classe Pedro Nunes, de 1200 toneladas, e classe Gonçalo Velho, de 1700 toneladas). Os avisos da classe Afonso de Albuquerque, lançados em 1935, tornaram-se os maiores navios combatentes construídos ao abrigo do programa naval de 1930. Estes navios tinham um deslocamento de 2420 toneladas e uma velocidade de 21 nós. 

Como aviso de 2.ª classe, o NRP João de Lisboa desempenhou várias funções na Marinha Portuguesa, incluindo missões de ligação, reconhecimento e exploração. No início da década de 1960, foi reclassificado como navio hidrográfico, mudando o seu número de amura para A 5200. Nesta nova função, serviu na Missão Hidrográfica do Continente e Ilhas Adjacentes até 1966. Esta missão foi crucial para a cartografia e investigação das águas portuguesas, contribuindo para a segurança da navegação, o conhecimento dos fundos marinhos e à exploração e mapeamento das costas de África e da América do Sul.

Em 1966, o NRP João de Lisboa foi retirado do serviço ativo e o seu casco foi reaproveitado como batelão no porto de Lisboa.

O Plano Naval de 1930. Segundo explica António Paulo Duarte o planeamento naval nos anos 20 e 30, nunca esqueceu as colónias. O grande projeto do Almirante Pereira da Silva, nunca consumado, pensado em meados da década de 20 do século XX, seria, de algum modo, a base para a modernização naval de inícios dos anos 30, com as construções navais do projeto do almirante Magalhães Correia. A proposta de Pereira da Silva é exposta num longo texto publicado nos Anais do Clube Militar Naval em 1924, a principal fonte para o conhecimento do seu projeto e naval.

Nele defende uma Armada forte pois seja qual for a ameaça, mesmo para uma defesa terrestre é imprescindível assegurar a retaguarda, isto é, a defesa das costas e das rotas marítimas que suportam a defesa da metrópole e da capital do Império.

Este conceito de poder naval seria adaptado pelo Ministro da Marinha, almirante Magalhães Correia. O rearmamento da Armada é orientado pelo Decreto-Lei 18.633 de 17 de julho de 1930, que define o programa com que se pretende iniciar a primeira fase do processo de construções navais. O decreto, em poucas páginas, condensa todas as propostas teóricas do pensamento navalista e maritimista dos anos 20. Começa por salientar o peso das condições geográficas e históricas na definição da política de defesa, ou seja, o facto de Portugal ser uma nação orientada para o mar, para o Atlântico, dotado de um vasta e disperso Império Colonial, assente no desenvolvimento do comércio, cada vez mais intenso entre a metrópole e as colónias, derivado da ingente expansão geral do tráfego marítimo.

O primeiro período da primeira fase comportaria a construção de 2 avisos de 1.ª classe (cerca de 2000 ton.), 2 avisos de 2.ª classe (cerca de 1000 Ton.), 4 contratorpedeiros (entre 1400 e 1800 ton.), 2 submarinos (700-800 ton.), 1 transporte de aviões com 12 aparelhos embarcados, 2 vedetas de fiscalização de pesca, e material de aviação, além de torpedos, minas e munições de artilharia. No conjunto, a primeira fase, incluído o segundo período de aquisições levaria à aquisição de 1 cruzador ligeiro, 2 avisos de 1.ª classe e 4 avisos de 2.ª classe, 6 contratorpedeiros, 4 submarinos, 2 canhoneiras e 1 transporte de aviões.

Na realidade, jamais seriam construídos o navio cruzador e o navio transporte de aviões. De igual modo, o projeto de construções navais nunca passou da primeira fase, que se prolongaria até 1937. Em 1933 seriam incorporados pela Armada os novos contratorpedeiros Lima e Vouga (1.588 Ton.) e os novos avisos de 2.ª classe Gonçalves Zarco e Gonçalves Velho (1.435 Ton.). Em 1934 chegaria o submarino delfim. O ano de 1935 marcaria em definitivo a renovação com a chegada e incorporação da maioria dos navios do programa de 1930, incluindo os dois mais poderosos navios do plano de 1930, os dois avisos de 1.ª classe Afonso de Albuquerque e Bartolomeu Dias (2.473 Ton.), recebendo-se ainda os contratorpedeiros Dão e Tejo, um aviso de 2.ª classe (1217 Ton.) e os Submarinos Espadarte e Golfinho. Em 1936 ainda se receberia o contratorpedeiro Douro, e em 1937 o aviso de 2.ª classe João de Lisboa.

A esquadra tinha uma característica mista, sendo simultaneamente, uma esquadra de batalha de superfície, com os contratorpedeiros e os submarinos, estes tendo uma função complementar aos dos navios anteriores, e colonial, de ação sobre as colónias, com base nos avisos, sendo dois destes, os mais poderosos navios da nova esquadra. Eram treze navios, num total, aqueles que nos anos 30, se incorporaram à Armada. Esta esquadra, ainda bastante nova, seria aquela com que Portugal enfrentaria a 2ª Guerra Mundial (em 1939, os mais velhos tinham apenas seis anos de idade). 

A Armada parece ter-se mostrado mais previdente ao equipar-se com 6 avisos aquando do programa naval de 1930. Estes foram muito importantes para assegurar a componente naval das expedições, e a consequente capacidade de projeção de força militar, que nunca tendo efetuado operações de guerra, permitiram, não obstante a Portugal assegurar os meios militares com que evidenciar a capacidade de controlo territorial de Timor-Leste e a afirmação sobre este território da soberania de Portugal.

Ref: 

António Paulo Duarte - A Defesa Militar de Portugal de Entre-As-Guerras à 2ª Guerra Mundial: Doutrinas e Estratégias. Revista Portuguesa de História Militar - Dossier: Portugal no Contexto da Segunda Guerra Mundial, 1939- 1945. Lisboa. Ano III, nº 4 (Junho 2023).

Faria, Telmo, Debaixo de Fogo! Salazar e as Força Armadas (1935-1941), Lisboa, Edições Cosmos/Instituto da Defesa Nacional

Nogueira, Franco - Salazar, os tempos áureos (1928-1936). Um Estudo Biográfico, Coimbra, Atlântida Editora, (s/l), p. 364


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Referência: 2405SB003
Local: SACO SB230-01


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