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RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA. |
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Clique nas imagens para aumentar. ALBUM FOTOGRÁFICO. EMBAIXADA UNIVERSITÁRIA DE COIMBRA. VIAGEM AO BRASIL. 1951.Embaixada Universitária de Coimbra. Viagem ao Brasil. 1951. Álbum oblongo de 29x42 cm. Com 22 folhas. Conjunto de folhas presas por uma corda e protegidas por duas pastas inteiras de pele, com ferros a ouro na anterior com o título: «Embaixada Universitária de Coimbra. Viagem ao Brasil. 1951». Contém 44 provas fotográficas, orientadas na sua maioria horizontalmente, uma por página, intercaladas por folhas de papel vegetal para efeitos de protecção. Encontram-se fixadas às folhas com autocolantes próprios, sendo possível retirá-las do seu lugar. Exemplar apresenta vestígios de fita-cola nos cantos dos autocolantes. Álbum de fotografias da visita da Embaixada Universitária de Coimbra ao Brasil, em 1951, liderada pelo reitor Maximino Correia. Elemento muito importante para a história das relações luso-brasileiras durante o regime do Estado Novo. As fotografias capturam os membros da embaixada envolvidos em trocas culturais e sociais, documentando recepções oficiais, cerimónias, discursos, visitas a instituições culturais e académicas, peças de teatro e momentos de convívio e diversão como jantares e bailes. Inclui visitas à Sala do Real Gabinete Português de Leitura, ao Palácio da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (atual Câmara Municipal de Niterói), à Sede Náutica da Lagoa do Clube de Regatas Vasco da Gama e até ao Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. SOBRE A VIAGEM Este álbum fotográfico documenta a viagem da Embaixada Universitária de Coimbra ao Brasil em 1951, organizada em grande parte pelos membros do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC): uma iniciativa que, à primeira vista, parecia ser apenas uma troca cultural, mas que, na realidade, estava profundamente enraizada na política cultural e ideológica do regime salazarista. Liderada pelo reitor Maximino Correia, a embaixada tinha como principal objetivo fortalecer os laços culturais e políticos entre Portugal e o Brasil, numa tentativa de reafirmar a ideia de uma continuidade histórica e cultural entre as duas nações. Este esforço visava reforçar a «lusitanidade» no Brasil e sublinhar a grandeza histórica de Portugal. Num momento em que o regime salazarista enfrentava críticas internacionais, especialmente devido ao colonialismo português em África, procurava-se reafirmar a identidade nacional portuguesa e o seu papel no mundo, especialmente através da promoção da «política do espírito». Esta política cultural tinha como intuito glorificar o passado colonial português e perpetuar a ideia de Portugal como uma nação civilizadora, um tema que seria central na narrativa da viagem. A embaixada, composta por estudantes e professores da Universidade de Coimbra, era, assim, um instrumento ao serviço desta ideologia, numa tentativa de demonstrar a continuidade cultural entre Portugal e o Brasil, e de reafirmar a importância do legado português na formação da identidade brasileira. Esta viagem foi o resultado de uma proposta antiga do TEUC, várias vezes adiada, mas que finalmente se concretizou graças a convites de várias entidades brasileiras, incluindo a Tertúlia Acadêmica de São Paulo, Santos, Rio de Janeiro e Fortaleza. Estes encontros foram organizados por ex-estudantes da Universidade de Coimbra, incluindo figuras como Divaldo Gaspar de Freitas, Domingos Ramos Paiva, Ernesto Cabral, Hilário Veiga de Carvalho e Morivalde Matos, que trataram da organização e da parte financeira da viagem. Os componentes do TEUC, segundo o relatório: Adriano Baeta Garcia, Albertina Botelho, António Dinis da Fonseca, António Fernando Santos (Tóssan), António José Soares, Anselmo Ventura, Ermelinda Gomes Leal, Francisco Barrigas de Carvalho, Ilda Pedroso, João de Araújo Correia, Joaquim António Santos Simões, Joaquim Cândido Mendes de Almeida, José Correia Alves, José David Gomes, José Matos Godinho, José Trilho y Blanco, Manuel Ruivo Martins, Margarida Costa Soares, Maria da Ascenção Albuquerque, Maria Augusta Mimoso, Maria do Céu Barrigas de Carvalho, Maria Dalila Ferreira, Maria Lucília Abreu, Mário de Oliveira Vilaça, Nuno de Barros e Cunha, Rui Carrington da Costa, Vasco Teixeira de Queiroz. Grupo dos Fados: Augusto Camacho Vieira, Eduardo Tavares de Melo, Manuel Duarte Branquinho, Napoleão Amorim. Professores acompanhantes: Maximino Correia, Eduardo Correia, Pereira Dias e Lopes de Almeida, representando as quatro Faculdades da Universidade, respectivamente Medicina, Direito, Ciências e Letras. Durante a viagem, a embaixada visitou várias cidades brasileiras, incluindo Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Maceió. Resultou, desta viagem, um relatório elaborado por Maximino Correia, publicado inicialmente dois anos após a mesma, em 1953, no volume XVIII da revista «Brasília», que era uma publicação da Universidade de Coimbra, e novamente reeditado em 1954, no 3.º Centenário da Restauração de Pernambuco, pela Coimbra Editora, tipografia da universidade. O relatório, intitulado «Viagem ao Brasil da Embaixada Universitária de Coimbra: Relatos, Comentários, Discursos», é um extenso documento com mais de 300 páginas, detalhando as experiências e observações feitas durante a viagem, incluindo descrições das cidades brasileiras visitadas, eventos, recepções e encontros com autoridades. O texto é uma mistura de narrativa de viagem, interpretação cultural e comentários políticos, refletindo a perspectiva ideológica do autor e o contexto salazarista da época. A compreensão do Brasil como um todo é continuamente mediada pela interpretação das partes individuais que a embaixada visita. O documento serve como uma peça de propaganda cultural, revelando uma visão dicotómica do Brasil. Se, por um lado, enfatiza os laços históricos entre Portugal e Brasil e promove a «lusitanidade» no contexto das relações luso-brasileiras, por outro lado, expressa desconforto com as manifestações modernistas que se iam tornando cada vez mais visíveis no país. Este desconforto é particularmente evidente nas descrições de obras arquitectónicas como as de Oscar Niemeyer, que contrastavam fortemente com a herança arquitetónica portuguesa, que o autor várias vezes louva e pormenorizadamente destaca. DESCRIÇÃO GERAL DO ÁLBUM Através deste conjunto de fotografias, o álbum fotográfico oferece uma documentação rica, mas cuidadosa, da viagem e das várias atividades diplomáticas e culturais realizadas ao longo do percurso. Apesar do contexto político do regime salazarista, as imagens presentes no álbum não parecem acentuar, ou revelar de forma explícita as tensões culturais ou modernistas que surgem no relatório de Maximino Correia. Pelo contrário, há uma tendência em privilegiar o lado cerimonial, os encontros sociais e os momentos de celebração e integração, numa narrativa visual predominante ao longo de todo o álbum que reforça a ligação e a harmonia entre os dois países. Destaca-se a cerimónia de recepção na imponente Sala do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, retratada nas sete primeiras fotos. O grande salão, com as suas prateleiras recheadas de livros, flores ornamentais nos altos pilares de madeira, e várias bandeiras em exibição, reforça a grandiosidade do local. O edifício neomanuelista, inspirado no estilo gótico-renascentista da época dos Descobrimentos Portugueses, foi projetado pelo arquiteto português Rafael da Silva e Castro e erguido entre 1880 e 1887. A instituição foi um dos principais membros da Federação das Associações Portuguesas do Brasil, que tivera um papel considerável, desde os anos 30, em relação à divulgação do ideário salazarista no Brasil. Estiveram presentes nesta cerimónia diversas figuras notáveis, como o Ministro Simões Filho, o Presidente da Câmara de Vereadores, o Reitor da Universidade de Coimbra, o Reitor da Universidade do Rio, o Dr. Pascoal Carlos Magno e um representante da Federação das Associações Portuguesas em lugar do presidente Albino de Sousa Cruz, que estava em Portugal. O álbum acompanha várias outras cerimónias solenes, incluindo trocas de presentes que sublinham a importância diplomática e simbólica da viagem. Em contraste com estas, um bloco significativo de fotografias captam momentos descontraídos de convívio e atividades sociais, como refeições cerimoniais tanto no interior como ao ar livre, recheadas de conversas e brindes que revelam o lado mais informal da viagem. Um destes momentos que se destaca é o grande baile, com fotos que retratam dezenas de pessoas a dançar, na Sede Náutica da Lagoa do Clube de Regatas Vasco da Gama, assim como as fotos capturadas no Estádio do Maracanã, onde um grupo de estudantes corre pelo estádio e atira os seus casacos ao ar. A alegria, descontração e entusiasmo são evidentes, refletindo os momentos de celebração que marcaram a viagem. É de salientar que estas instalações tinham sido recentemente inauguradas, ambas no ano de 1950, apenas um ano antes da visita da embaixada. Visitar tanto a Sede Náutica como o Maracanã terá sido uma oportunidade para a delegação observar exemplos icónicos da importante arquitecura modernista brasileira, oportunidade esta que reforça a narrativa das interações culturais e das diferenças entre a tradição portuguesa e a modernidade emergente no Brasil destacada no relatório de Maximino Correia. Ainda assim, as fotos retratam momentos de celebração coletiva, onde a modernidade não aparece como um desafio à tradição, mas como um local de partilha e diversão, onde o desporto, principalmente o futebol, se torna um ponto de conexão entre as duas culturas. As imagens que capturam encenações teatrais de peças de Gil Vicente, em diversos espaços, com atores envergando vestes medievais e personagens com guitarras, sublinham o papel do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) como promotores da viagem e como divulgadores da herança cultural portuguesa no Brasil, oferecendo uma visão da tradição teatral renascentista de Portugal. É importante notar que, apesar do contexto político em que a viagem ocorreu, estas imagens não revelam qualquer traço de propaganda do Estado Novo ou do salazarismo. É evidente que o álbum fotográfico dá prioridade ao lado cerimonial, aos encontros protocolares e aos momentos de celebração cultural e social. A presença de figuras importantes do Estado Novo e de entidades pró-salazaristas, como a Federação das Associações Portuguesas, é documentada, mas o foco nunca está na promoção de um discurso político, e sim na celebração de laços culturais e históricos. DESCRIÇÃO INDIVIDUAL DAS FOTOGRAFIAS 1 - Foto de grupo, com cerca de 30 pessoas, no interior do Real Gabinete Português da Leitura. Parte da cerimónia de receção a 29 de agosto. 2 - Plateia com cerca de 200 pessoas sentadas no grande salão do Real Gabinete Português da Leitura, rodeado de prateleiras de livros. 3 - Mesa de discurso, no mesmo salão, com quatro homens e um busto. Ao fundo, várias bandeiras. 4 - Grupo de 10 pessoas, no interior do Real Gabinete Português da Leitura, em postura formal. 5 - Refeição cerimonial, várias pessoas sentadas à mesa, comendo pão (provavelmente entradas ou pequeno-almoço). 6 - Foto do público no piso inferior do Real Gabinete Português de Leitura, mostrando a arcada superior e prateleiras de livros, com pilares ornamentados com flores. 7 - Retrato do público, destacando duas senhoras sentadas. Uma cadeira está vazia. 8 - Discurso num teatro, capturado de perfil, mostrando sete discursantes em pé e parte do público num teatro com dois pisos e camarotes, porventura o Teatro Municipal do Rio. 9 - Retrato aproximado de uma senhora num camarote. 10 - Discurso num outro palco de madeira, com 8 participantes sentados a uma mesa e o discursante em pé. 11 - Cerimónia numa praça pública, com uma grande multidão. Cinco pessoas posam em primeiro plano para a foto. 12 - Rua que dá para a fachada da Sede Náutica da Lagoa Clube de Regatas Vasco da Gama. Várias pessoas, incluindo mulheres de vestido branco, entram no edifício e três carros estão estacionados. Parte do baile que se deu a 1 de Setembro. 13 - Seis homens brindam num corredor no interior da Sede. 14 - Seis homens e uma mulher seguram copos, no que parece ser a garagem do clube. Ao fundo, veem-se regatas presas por fios. 15 - Novo brinde entre quatro homens no mesmo corredor da foto 13. 16 - Cena de uma peça de teatro com personagens vestidos de trajes medievais. Um dos atores segura uma guitarra e a cena inclui um bebé recém-nascido. 17 - Grupo de cerca de 25 pessoas posando numa escadaria. 18 - Vista de cima. Várias pessoas dançam no salão do Clube. 19 - Outra imagem das pessoas a dançar no baile. 20 - Foto de grupo no mesmo salão, com cerca de 50 pessoas posando em meia-lua. 21 - Grupo de cerca de 20 pessoas correndo no Estádio do Maracanã e atirando os casacos ao ar. 22 - Almoço ao ar livre, numa mesa comprida, com várias pessoas sentadas. 23 - No estádio, o grupo volta a atirar os casacos ao ar, desta vez sem correr. 24 - Grupo de pessoas em conversa no interior de uma casa. Alguém olha para o chão enquanto outras pessoas ao redor interagem, uma delas segurando uma revista. 25 - Grande grupo de cerca de 100 pessoas posando em frente à entrada de uma grande casa, provavelmente a vivenda do português de Trás-os-Montes, Manuel Gonçalves, referida no relatório de Maximino Correia. 26 - Quatro homens sentados à mesa, atrás de uma sebe, junto a uma das paredes da dita casa. Um casaco está pousado sobre a sebe. 27 - Grande grupo defronte do Palácio da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, atual Câmara Municipal de Niterói, em estilo neoclássico. Visita a 2 de setembro. 28 - Momento de refeição ou lanche, com cocktail e frutas numa mesa, rodeada de 10 pessoas. 29 - Cerimónia que parece ser fúnebre, ou de homenagem/tributo. Um discurso é proferido, e é possível ver parte de uma campa ou mesa com flores. Cerca de 20 pessoas estão presentes. 30 - Plano mais próximo do discursante. Seis pessoas são visíveis na imagem. 31 - Mesma cerimónia, com os participantes de pé e copos nas mãos. 32 - Cerimónia de troca de presentes. Um troféu ou binóculos, juntamente com uma caixa, está sobre uma mesa redonda de mármore. 33 - Festa com um grande grupo de pessoas conversando junto a uma mesa cheia de aperitivos e bebidas. No fundo, há um palco com piano, bateria e outros instrumentos. 34 - Grupo próximo a um corredor com corrimão e grades, junto a uma piscina. Provavelmente parte do edifício do Clube de Regatas Vasco da Gama. 35 - Cena teatral com três atores, dois demónios e uma princesa. 36 - Cerimónia com cerca de 100 pessoas num grande salão, que parece muito semelhante ao da Sede do Clube, por conta das colunas em estilo modernista. 37 - Mesa de jantar no mesmo salão, com várias pessoas sentadas à espera da refeição. 38 - Grande mesa de aperitivos e bebidas, na mesma cerimónia que a foto 33. 39 - Grupo de cerca de 15 mulheres posando num pátio exterior, próximo de uma pequena mesa com cadeiras de ferro, um pára-sol, um casaco de pele e duas bebidas. 40 - Grupo de 9 pessoas no interior de um edifício. 41 - Grupo de 12 pessoas no interior do mesmo edifício. 42 - Grande grupo posando nas escadas de entrada de uma casa. Uma pessoa à frente segura uma guitarra portuguesa. 43 - Almoço ao ar livre, o mesmo evento da foto 22. 44 - Outra vista do almoço ao ar livre. Referências/References: Referência: 2407SB008
Local: M-11-B-59 Caixa de sugestões A sua opinião é importante para nós. Se encontrou um preço incorrecto, um erro ou um problema técnico nesta página, por favor avise-nos. ![]() |
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