RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

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LISBOA. (Frei Marcos de) PRIMEIRA PARTE DAS CHRONICAS DA ORDEM DOS FRADES MENORES DO SERAPHICO PADRE SAM FRANCISCO,

seu instituidor, & primeiro Ministro geral: que se pode chamar Vitas patrum dos Menores. Copilada & tomada dos antigos liuros & memoriaes da ordem, per frey Marcos de Lisboa frade Menor, da prouincia de Portugal. &c. Impressa com licença do conselho geral da Sancta Inquisição, & do Ordinario. 1587. A custa de Ioam de Espanha & Miguel de Arena Liureiros. [Cólofon: Foy impressa em Lisboa, per Antonio Ribeyro, Anno de 1587].

In fólio de 27x20,5. Com [xii], 248 fólios. Encadernação recente inteira de pele mosqueada, com nervos, dois rótulos vermelhos e elaborados ferros a ouro em casas fechadas. Cortes das folhas carminados.

Belo frontispício enquadrado por um moldura, em cujas partes superiores e inferiores, ornamentos de frutos e motivos arquitectónicos onde estão inscritas as palavras «IESVS.» e «A custa de Ioam de Espanha & Miguel de Arena Liureiros»; e cujos lados são constituidos por 6 pequenas gravuras entremeadas de tarjas, que representam santos franciscanos. Ao centro tem uma gravura que representa São Francisco.

Impressão em caracteres redondos, com alguns itálicos, com o texto corrido nas licenças e nas poesias laudatórias e disposto em duas colunas no restante da obra. Ornamentado com iniciais decorativas no prólogo e na dedicatória do autor, uma delas especialmente cuidada, com uma pequena xilogravura retratando uma cena missionária; vinheta com dois anjos à cabeça da poesia de Jorge Coelho; florão de remate com motivos arquitectónicos no fim do índice de conteúdos.

Exemplar foi objeto de um sólido trabalho de restauro, com a folha de rosto espelhada e reconstituída, com perda de grande parte do suporte; as folhas preliminares com restauros marginais e pequenos picos de traça, sem afetar o texto; últimas dez folhas marginadas nos cantos exteriores, afetando ocasionalmente a paginação e algumas letras; última folha montada. Parte dos versos laudatórios no verso da folha de rosto foram manuscritos para compensar a perda de texto. Selo branco na folha de rosto de «Francisco de Paula Santa Clara, Elvas» e rubrica datada de 1972. Tem ainda algumas assinaturas rasuradas e desenhos a tinta, junto à gravura central.

O fólio 15 numerado 14 e o 134, 135.

Terceira edição muito rara, à semelhança de todas as edições iniciais em português e espanhol da obra, particularmente desta primeira parte. José dos Santos, autor do catálogo dos condes de Azevedo e Samodães, refere-se à raridade desta edição. Apenas um exemplar completo na Biblioteca Nacional e outro na Universidade de Coimbra. As primeiras edições saíram em 1557 e 1566.

As «Crónicas da Ordem dos Frades Menores» tiveram um impacto significativo na Europa, com mais de 100 edições publicadas entre os séculos XVI e XIX. A obra foi traduzida para várias línguas, incluindo italiano, francês, espanhol e parcialmente para inglês, o que demonstra a sua ampla popularidade e influência. É comummente comparada, em termos de importância cultural e receção, aos «Lusíadas» de Camões.

Obra monumental que não só preserva a história da ordem franciscana, como também oferecem um testemunho valioso das preocupações religiosas e políticas do seu tempo. Uma fonte indispensável para o estudo da história da Igreja Católica e da cultura europeia.

A primeira parte das crónicas foi publicada pela primeira vez em Lisboa em 1557 e é dedicada à vida de São Francisco de Assis e aos primeiros anos da ordem. Esta secção da obra é fortemente hagiográfica, apresentando a vida dos primeiros franciscanos como modelos de santidade e devoção cristã.

Verso da folha de rosto com licença do Comissário Geral, Frater Andreas Insulanus; aprovações de Diogo de Gouveia e Frei Bartolomeu Ferreira; poesia latina do Papa Gregório IX em louvor de São Francisco. As páginas preliminares incluem ainda prefácio do autor, dedicatória do mesmo a D. João III, poesia latina de Jorge Coelho ao leitor e índice de capítulos.

Divide-se em dez livros. Livros 1 a 3 – dedicam-se à vida de São Francisco de Assis, fundador da ordem, e detalham os seus milagres e feitos. Livro 4 – descreve as vidas dos santos mártires da ordem. Livro 5 – foca-se em Santo António de Lisboa, destacando a sua vida, milagres e sermões. Livro 6 – narra as histórias dos primeiros companheiros de São Francisco. Livro 7 – dedicado a Frei Egídio, um dos primeiros discípulos de São Francisco. Livro 8 – explora a vida de Santa Clara, fundadora da Segunda Ordem Franciscana (Clarissas). Livro 9 – aborda a Terceira Ordem Franciscana, composta por leigos que seguiam os princípios de São Francisco. Livro 10 – reúne uma variedade de «diversos casos» relacionados com a ordem.

SOBRE A OBRA

Obra monumental que documenta a história da Ordem Franciscana desde a sua fundação até o século XVI. Publicadas em três partes, entre 1557 e 1570, as crónicas de Frei Marcos de Lisboa são uma das principais obras de historiografia religiosa em Portugal e uma contribuição significativa para a literatura religiosa europeia.

Embora o título da obra sugira um relato cronológico dos eventos, as crónicas são, na verdade, compostas principalmente por biografias de figuras ilustres da ordem, incluindo santos, teólogos e outros membros notáveis. Esta abordagem biográfica visa não apenas preservar a memória desses indivíduos, mas também apresentar modelos de virtude cristã para emulação.

A segunda parte, publicada em 1562, expande a narrativa para cobrir a expansão da ordem por toda a Europa, destacando a fundação de conventos e as missões de evangelização em novos territórios. A terceira parte, publicada em Salamanca em 1570, aborda as figuras mais recentes da ordem e os desafios enfrentados no século XVI, incluindo as reformas internas e os conflitos religiosos que marcaram o período.

Frei Marcos de Lisboa (Lisboa, 1511 – Porto, 1591), nascido Marcos da Silva, foi uma figura marcante na história eclesiástica portuguesa do século XVI. Nascido em Lisboa em 1511, Frei Marcos tornou-se membro da Ordem dos Frades Menores (franciscanos) ainda jovem, aos 13 anos, demonstrando uma vocação religiosa precoce. A sua trajetória religiosa e intelectual culminou na sua nomeação como Bispo do Porto em 1581, cargo que ocupou até à sua morte. A sua obra mais importante, as Crónicas da Ordem dos Frades Menores, permanece um testemunho crucial da história da ordem franciscana e da espiritualidade do seu tempo.

A sua formação teve lugar no Colégio de São Boaventura, em Coimbra, onde recebeu uma educação sólida em teologia e humanidades. Durante os seus anos de formação, adquiriu também conhecimentos avançados em latim, grego e hebraico, línguas essenciais para o estudo das Escrituras e dos textos religiosos da época. Esta base educativa permitiu-lhe mais tarde aceder e interpretar uma vasta gama de documentos históricos e teológicos, fundamentais para a compilação das suas crónicas.

Ao longo da sua carreira religiosa, Frei Marcos destacou-se pela sua devoção e pela habilidade administrativa dentro da Ordem dos Frades Menores. Terá acompanhado D. Sebastião a África, onde chegou a ser nomeado bispo de Miranda (nomeação que, no entanto, não chegou a ser efetivada), o que demonstra a sua influência e proximidade com os círculos de poder da época. Tornou-se uma figura central na ordem, desempenhando vários papéis de liderança. A sua reputação e influência cresceram ao longo dos anos, culminando na sua nomeação como bispo do Porto em 1581, posição que ocupou até à sua morte em 1591.

As suas viagens pela Europa, visitando conventos franciscanos em Espanha, Itália e França, foram cruciais para a recolha de fontes que viriam a alimentar a sua obra cronística. Durante estas viagens, Frei Marcos recolheu numerosos documentos originais sobre a história da Ordem, respondendo a um pedido do Ministro Geral dos Franciscanos, Frei André Álvarez. Este esforço, em conjunto com uma anterior iniciativa de Frei Paulo Pisotti, outro Ministro Geral da Ordem, que, em 1532, tinha instruído os provinciais a recolherem todos os documentos disponíveis sobre o século XV, visando a continuação das Conformidades de Bartolomeu de Pisa, levou a que grande parte do material assim reunido fosse entregue a Marcos de Lisboa.

Frei Marcos coligiu estas valiosas fontes, complementando-as com informações da Crónica de Marianus de Florença e com as suas próprias pesquisas. Tal culminou na publicação da sua importante obra.

Esta peregrinação foi crucial para o resgate de muitas obras franciscanas abandonadas em mosteiros e bibliotecas, sendo as Crónicas resultado de um empreendimento notável, de uma intensa atividade intelectual. Têm um valor histórico inestimável, não só por serem uma das poucas referências disponíveis para o estudo da história franciscana desse período, mas também pela particularidade de muitas das fontes originais utilizadas por Frei Marcos terem desaparecido ao longo do tempo. Tratam-se não apenas de um registo da história franciscana, mas também de uma preservação de fontes históricas que, de outra forma, teriam sido perdidas.

Em 2001, a Faculdade de Letras da Universidade do Porto organizou uma conferência sobre Frei Marcos, destacando a importância contínua da sua obra. Desta conferência resultaram a publicação de importantes estudos e de uma edição fac-similadas das crónicas, reafirmando a sua relevância para o estudo da história e da literatura franciscana. Esta iniciativa reafirmou a posição de Frei Marcos como um dos cronistas mais importantes da história portuguesa.

É importante notar que Frei Marcos é, por vezes, confundido com outro franciscano, Marcos de Lisboa, que foi lexicógrafo e autor de um importante vocabulário da língua Bicol, nas Filipinas.

Referências/References:
Porbase 323302, Cota: RES. 529 V.
Iberian Books 69997, [12350]
USTC 345774
Maerki, Thiago. "O “pensamento analógico” nas Crónicas da Ordem dos Frades Menores, de Marcos de Lisboa." Cuadernos Medievales [En línea], 0.18 (2015): 83-101. Web. 3 sep. 2024
Donovan, Stephen. 'Mark of Lisbon.' The Catholic Encyclopedia. Vol. 9. New York: Robert Appleton Company, 1910.
Anselmo 975.
Azevedo e Samodães 1794
Inocêncio VI, 129-132, 1393


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Referência: 2407SB012
Local: M-10-C-60


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