VIDA, HAÇAÑAS. VITORIAS, VIRTVD, I MVERTE D"EL EXCELENTISSIMO SEÑOR, EL SEÑOR D. NUÑO ALVARES PEREIRA, Condestable de Portugal, Trõco de los Serenissimos Reyes de Portugal i de todo lo grande de la Europa, Religioso de N. Señora d" el Carmen, Fundador d" el Carmen de Lisboa. ESCRIVELE El P. Fr. Antonio d" Escobar, Diffinidor Apostolico d" el Orden de N. Señora del Carmen. Confessor de la Esperança de Beja, Cronista de Beja de su Religion. OFFERECELE A el Illustrissimo Señor Alexandre da Silva, Inquisidor a" el supremo Consejo, i Canonico de la Catedral de Braga. Por Diogo Suares de Bulhoes An. 670.

In 12.º de 13,4x7,3 Com [xxiv], 239, [i em br.] págs. Encadernação da época inteira de pergaminho. Com folhas de guarda e atilhos novos.  

Impressão nítida com caracteres redondos e alguns itálicos, nalgumas das licenças, na dedicatória, nas citações e nos resumos dos capítulos.

Exemplar com algumas pequenas manchas nas folhas preliminares, preserva a folha de guarda posterior, com assinatura de posse coeva no verso. 

Primeira e única edição muito rara só estão catalogados 8 exemplares em todo o mundo. Não existem exemplares nas bibliotecas de toda a Espanha. Não consta dos principais catálogos de leilões e de livreiros. 

Segundo Barbosa Machado foi impressa uma contrafacção, com o titulo: Discvrsos politicos, y militares, en la vida del Conde Don Nuño Alvarez Pereyra. Condestable del Reyno de Portugal. Escrivelos Salanio Lusitano. Se los ofrece al señor Francisco Barreto, del Consejo de Guerra de Portugal, Presidente de la Iunta del Comercio, y Flotas del Brasil e Restaurador de aquel Estado. Con licencia. En Zaragoça. Por Juan de Ibar. Año de 1670. O nome do autor é o pseudónimo de Fr. Francisco de Sales e tem pequenas variantes na parte final. Contra ele escreveu Frei António de Escobar, em 23 de Novembro de 1670, uma Apologia protestando contra o furto literário feito pelo franciscano. Esta contrafacção terá sido facilitada pelo facto de Frei António de Escobar ter levado 18 anos até conseguir publicar a obra e nesse período Fr. Francisco de Sales terá tido acesso ao manuscrito e cometido o crime de contrafacção e usurpação de autoria. 

A obra foi traduzida para português, em 1744, por Bernardo José de Lemos Castelo Branco, tradução que inclui a Apologia escrita por Frei António de Escobar protestando contra o furto literário feito pelo franciscano Fr. Francisco de Sales, publicada em 23 de Novembro de 1670.  

Biografia de D. Nuno Álvares Pereira escrita pelo cronista da Ordem, onde entrou o Condestável no fim da sua vida, quando fundou o Convento do Carmo, em Lisboa. Está escrita numa bela e sentenciosa prosa barroca e mais do que apenas uma biografia, é uma reflexão sobre os principais feitos e acontecimentos da vida do Herói e Santo. A obra está estruturada em textos que referem os acontecimentos da vida de D. Nuno Álvares Pereira seguidos de discursos, ou seja, comentários filosóficos, teológicos, históricos e morais segundo a mundivisão da época barroca. 

As páginas preliminares contém as licenças, em português, com censuras de Frei Mateus Pereira, Frei Gregório de Jesus, Frei José de Lencastre e aprovação de Frei Francisco Brandão, dedicatória, prólogo e protestação do autor afirmando respeitar as determinações do Papa Urbano VIII sobre a forma de referir as pessoas que ainda não tenham sido canonizadas pela Igreja Católica, como era o caso, na época, de D. Nuno Álvares Pereira, que o autor denomina de Conde Santo. 

D. Nuno Álvares Pereira (Paço de Bonjardim, Cernache de Bonjardim, 1360 - Lisboa, 1431) é uma figura mítica da história de Portugal e reune em si as mais altas categorias da esfera profana e do âmbito religioso, como herói e santo. Foi uma figura decisiva na crise de 1383-1385, em que Portugal assegurou a sua independência. Depois da vitória dos Atoleiros, em 1384, foi nomeado Condestável do Reino, nas Cortes de Coimbra, em que D. João, Mestre de Avis, foi aclamado como rei de Portugal. Em 14 de Agosto de 1385 deu-se o confronto decisivo, na Batalha de Aljubarrota, onde os castelhanos foram definitivamente derrotados. Obteve mais vitórias até 1411, ano em que foi celebrada a paz. Participou na Conquista de Ceuta, em 1415 e dedicou o resto da vida à caridade e à religião. Já em 1393 tinha distribuído terras pelos seus companheiros de armas. Em 1422 distribuiu os seus bens e títulos pelos netos, em 1423 professou no Convento do Carmo, que tinha mandado construir, com o nome de Nuno de Santa Maria e passou o resto da vida a ajudar os mais pobres. Foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918, pelo Papa Bento XV e canonizado em 26 de Abril de 2009, pelo papa Bento XVI.

Frei António de Escobar (Coimbra, 1618 - Lisboa, 1681) Carmelita calçado, professou a 24 de Abril de 1637, no Colégio de Coimbra da sua ordem. Foi Prior do convento da Vidigueira, do convento de Évora, confessor das Religiosas do Convento de Beja, Custódio e Definidor da Província, assim como seu, Cronista, tendo escrito a história dela que se perdeu durante a Guerra da Restauração, em 1663. Nos últimos anos de vida perdeu totalmente a vista. É autor das seguintes obras: Vida de Santo Ângelo, Lisboa, João da Costa, 1671; Sermão fúnebre nas Exéquias de Frei Simão de Santa Maria. Lisboa por João da Costa. 1672; A Fénix de Portugal... A Rainha santa Isabel. Coimbra por Manuel Dias. 1680. É autor, também, de obras profanas, que publicou com o nome de Gerardo de Escobar: Cristais da alma. Lisboa por João da Costa. 1673; e Doze novelas. Lisboa por João da Costa. 1674.     

Ref:

Anabela Galhardo Couto - Uma arte de amar: ensaio de cartografia amorosa, Cristais da Alma de Gerardo de Escobar. Lisboa: 101 Noites: Crepúsculo, 2006, p. 44-46; 54-57.  

Ana Cristina Gonçalves Fontes - As doze novelas de Gerardo Escobar. Tese de mestrado em Literatura Portuguesa. Universidade de Coimbra. 1993. 

Iberian Books C75719 [79247]

USTC 5094595

Arouca, M. 262.

Ana Hatherly - Escobar. (Frei António) In Biblos, II, col. 354-355.  

Palau (1990) III, 130. 

Simón Díaz. IX, 5089.

Monteverde, 2179.

Garcia Peres, 158.

Inocêncio I, 128-129; XXII, 261-262.; I, 380 sobre a tradução portuguesa. 

Barbosa Machado, I, 260.