126 Provas fotográficas de 8,9x12,4 cm. Acondicionadas em bolsa de plástico transparente.

Colecção de fotografias rara e muito importante para o estudo do PREC - Processo Revolucionário em Curso, que foi a designação atribuída à violenta agitação política durante os anos de 1974 e 1975. Este conjunto de fotografias tem um excepcional valor, pois regista obras de pintura mural de propaganda política, que já desapareceram das paredes e muros onde foram executadas. São assim o registo que garante o conhecimento para a posteridade destas obras efémeras de propaganda e luta política. 

Pintados em diversos espaços públicos, os murais transformaram-se, nos anos da Revolução, num veículo de comunicação. Por serem de acesso fácil e por terem um amplo alcance, foram o canal escolhido, nomeadamente, por partidos de todo o espectro ideológico, por ativistas e por artistas para veicular mensagens políticas, sociais e culturais. Os murais exibiam mensagens contra a ditadura do Estado Novo, de celebração da liberdade, de apelo à solidariedade entre o povo português, nos diferentes grupos sociais e políticos. As composições incluíam, entre outras, imagens simbólicas, slogans políticos ou retratos de figuras históricas e políticas relevantes. Estas intervenções no espaço público tornaram-se uma forma de mobilização e consciencialização popular significativa.

Um dos momentos marcantes das manifestações culturais pós-25 de Abril é o Painel do Mercado do Povo, um mural coletivo pintado em Lisboa a 10 de junho de 1974. A iniciativa foi promovida pelo Movimento Democrático dos Artistas Plásticos MDAP, do qual fizeram parte nomes como João Abel Manta, Júlio Pomar e Carlos Calvet.

Os murais registados nestas fotografias representam acções de propaganda de muitos partidos políticos portugueses de esquerda: AOC, LCI, MRPP, PCP, PS, FERP, SUV - Soldados Unidos Vencerão; MES, MDP-CDE, UDP, GDUP, CM-LP, e de direita: PCSD - Partido Cristão Social Democrático, CDS, PPM, PPD, a militares como Otelo, políticos como Octávio Pato, assim como murais de apoio aos chamados movimentos de libertação, como o MPLA, de apoio à independência de Cabo Verde, em apoio da Espanha, ou de louvor a figuras dos partidos comunistas estrangeiros, como Chu en lai. Incluem também incitamentos ao ódio e à violência como, por exemplo: Expropiar os capitalistas, executar os golpistas; e Fuzilamento dos fascistas, já!  

Ref.: 

Exposição 25 de Abril: Paredes da Liberdade. Fotografias da Colecção do fotógrafo Jorge Paixão Martins. Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra. 2002.