RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

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MADEIRA ARRAIS. (Duarte) e Francisco da Fonseca Henriques. MADEYRA ILLUSTRADO. METHODO DE CONHECER, E CURAR O MORBO GALLICO,

COMPOSTO PELO DOUTOR DUARTE MADEYRA ARRAEZ, PHYSICO MOR DELREY DOM JOAM IV. REFORMADO AO SENTIR DOS MODERNOS, ILLUStrado com muytos casos praticos, & enriquecido com varios, & eficazes remedios, para extinguir com facilidade este contagio, & para acodir promptamente aos seus productos, PELO DOUTOR FRANCISCO DA FONSECA HENRIQUES, natural de Mirandella, MEDICO DO SERENISSIMO REY DE PORTUGAL DOM JOAÕ V. COM HUMA DISSERTAÇAM DOS HUMORES naturaes do corpo humano, obra muyto necessaria para boa intelligencia destas Illustraçoens. LISBOA, Na Officina de ANTONIO PEDROSO GALRAM. Com todas as licenças necessarias, & Privilegio Real. Anno de 1715.

In fólio de 30x21 cm. Com [xxxii], 366 págs. Encadernação da época inteira de pele, com nervos e ferros a ouro em casas fechadas. Cortes das folhas carminados. 

Rosto impresso a preto e vermelho, com uma pequena vinheta. O texto, composto em caracteres redondos e alguns itálicos, está ornamentado com belas xilogravuras com motivos vegetalistas, antropomórficos e tipográficos, destacando-se as iniciais decoradas e os cabeções com as armas do reino a encimar a dedicatória e a primeira página numerada da obra, assim como florões de remate de grandes dimensões, que ocupam quase metade das páginas 352 e 366, que correspondem ao final da obra e do índice, respectivamente.

Exemplar com o miolo um pouco desencaixado da encadernação, que apresenta pequenas falhas de pele nos cantos das pastas e na lombada, e perda de cor no carminado das folhas. Assinatura de posse coeva a tinta na folha de rosto e extensas anotações coevas nas folhas de guarda, na última página numerada e no verso da pasta posterior. Tem ocasionais manchas de humidade e ligeiras falhas de papel na margem das folhas de guarda e na última folha numerada. Pequenos picos de traça nas margens e junto ao festo das folhas, sem nunca afetar a mancha gráfica.

Quarta edição muito rara. A Biblioteca Nacional apenas regista dois exemplares em acervo, ambos em mau estado de conservação. A obra foi publicada pela primeira vez em Lisboa, 1642 e compunha-se de duas partes, impressas por Lourenço de Anvers e Antonio Alvarez, respectivamente. A primeira parte teve uma segunda edição em 1674 por António Rodrigues de Abreu, Lisboa, que não é registada pelo Inocêncio. Em 1683 Craesbeeck edita num único volume ambas as partes.

Esta edição, que se restringe apenas à primeira parte da obra, é especialmente importante por ser a primeira a conter os acrescentos e anotações de Francisco da Fonseca Henriques, assim como uma dissertação de sua autoria, que mudaram em grande parte a substância da doutrina de Madeira Arrais, corrigindo e alterando métodos que o tempo revelou ineficazes. Fonseca Henriques alerta no prólogo que o texto original é mantido e apenas acrescentado com anotações no final dos números e com alguns capítulos adicionais. Frisa que o seu objectivo é corrigir os erros, sem ofensa do seu autor. Voltou a ser editada em 1751, na Oficina de Domingos Gonçalves.

Obra pioneira e muito importante para o estudo da história da medicina em Portugal, em particular para a história do combate à Sífilis, ou «Morbo Gálico», temida doença sexualmente transmissível. Foi a primeira obra escrita por um português sobre a doença e tornou-se um livro de referência sobre o assunto durante mais de um século, como atestam as várias reedições.

Primeiras páginas com dedicatória do editor literário e ampliador Francisco da Fonseca Henriques ao rei Dom João V, prólogo do mesmo, carta laudatória de Pascoal Ribeiro Coutinho também a Fonseca Henriques, lista alfabética de autores referidos ao longo da obra, índice de capítulos, erratas, licenças de Frei António das Chagas, João Curvo Semedo, entre outros. A partir da página 329 encontra-se a «Dissertação Única dos Humores Naturais do Corpo Humano» anunciada na folha de rosto. Finalmente, entre as páginas 353 e 366 está um completo índice remissivo.

O primeiro relato de sífilis em Portugal data de 1496-1497, e chega-nos através de uma poesia de Pedro Homero, inscrita no cancioneiro de Garcia de Resende. Em 1504 é criada a Casa das Boubas, no Hospital Real de Todos os Santos (Lisboa), com a finalidade de aí ser prestada assistência aos doentes com o mal venéreo. Não existia, no entanto, nenhum clínico com formação nesta área, pelo que, em 1507, foi para aí contratado o famoso médico andaluz Ruy Días de Ysla. Apesar do muito interesse despertado pela doença entre a comunidade médica portuguesa, apenas em 1642 surgiu a primeira obra sobre sífilis escrita por um português.

Numa época em que a medicina portuguesa sofria de um evidente atraso científico, que teve por base uma multiplicidade de factores (desde a instauração da Inquisição, as condições do exercício médico, os abusos da fisicatura-mor do reino, o domínio espanhol e a influência dos jesuítas), a obra de Duarte Madeira Arrais surge como uma tentativa de oferecer um conhecimento acessível e prático para tratar a Sífilis, mesmo em regiões remotas ou transmarítimas, onde a assistência médica era escassa. Com linguagem clara e em língua portuguesa, Madeira Arrais procurou alcançar não só os médicos como também cirurgiões e leigos, reconhecendo a necessidade de combater uma doença cujas características desafiavam tanto o diagnóstico quanto a cura. É interessante notar que, por todo o livro, Madeira tece fortes elogios a Ruy Días de Ysla e fundamenta as suas afirmações em considerações previamente estabelecidas pelo médico.

Esta primeira parte da obra apresenta uma abordagem prática e clara sobre o morbo gálico, explicando a sua essência, causas, espécies, prognósticos e tratamentos, destinada tanto a médicos como ao público geral. Já a segunda parte adota um tom mais académico, por forma a resolver dúvidas de forma mais aprofundada e abordando tratamentos adicionais como banhos termais.

Duarte Madeira Arrais (Moimenta da Serra, c. 1600 – Lisboa, 1652) foi um médico e cirurgião notável, cuja ascendência cristã-nova está documentada nos registos genealógicos da região da Beira Alta. Apesar de algumas dúvidas iniciais quanto à sua origem, sabe-se que pertencia à família Madeira Arrais, ligada à vila de Avô (Oliveira do Hospital), e era neto de Mestre Duarte, um judeu ou cristão-novo de origem possivelmente sefardita. Depois de receber uma sólida formação inicial em letras e poesia, Madeira Arrais prosseguiu os estudos na Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Filosofia e Medicina, destacando-se pela profundidade do seu conhecimento. Posteriormente, terá também frequentado a Universidade de Salamanca, consolidando uma carreira que o levaria a ser nomeado Físico-mor do rei D. João IV.

Reconhecido pela sua prática inovadora, Madeira Arrais escreveu obras de grande impacto na medicina portuguesa, incluindo o famoso «Methodo de Conhecer e Curar o Morbo Gallico» (1642) e uma apologia sobre a prática de sangrias nos pés (1638), onde confrontava os métodos tradicionais de outros médicos. A sua reputação estendeu-se à corte, onde triunfou no tratamento de doenças complexas e inveteradas, ganhando o reconhecimento dos seus contemporâneos, como a poetisa Violante do Céu, que lhe dedicou um soneto. Duarte Madeira Arrais deixou um legado que reflete o esforço de adaptar a medicina portuguesa às exigências práticas e teóricas do seu tempo.

Francisco da Fonseca Henriques (Mirandela, 1665 – Lisboa, 1731), conhecido na sua época como Dr. Mirandela, formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra e iniciou a carreira em Chaves, estabelecendo-se mais tarde em Mirandela, onde ganhou destaque pela sua prática clínica. Em 1706, foi nomeado médico pessoal do rei D. João V, alcançando prestígio nacional. Autor erudito e membro da Real Academia de Ciências, publicou obras de grande relevância, como «Aquilégio Medicinal» (1726), o primeiro inventário das águas minerais naturais de Portugal, considerado um marco no património hidromineral do país.

Referências/References:
Baudry, H. D. C. Un controversista en Portugal bajo la Casa de Austria: Duarte Madeira Arrais y la polémica en torno a la sangría. Criticón, (137), 115-129. Presses Universitaires du Mirail, Université de Toulouse. 2019. [em linha]
Célia Cristina Rodrigues Lopes. As Mil Caras de Uma Doença - Sífilis na Sociedade Coimbrã no Início do Século XX. p. 15. Universidade de Coimbra. 2014.
João Carlos Rodrigues. A dermatologia em Portugal: factos e figuras. In: Bastos, C. (editor). Clínica, Arte e Sociedade. A Sífilis no Hospital do Desterro e na Saúde Pública. pp. 59-76. Imprensa de Ciências Sociais. Lisboa. 2011.
Amélia Ricon-Ferraz. Dois homens, dois tempos: um objectivo comum: Simão Pinheiro Mourão e Duarte Madeira Arrais. In: Medicina na Beira Interior - da Pré-História ao Séc. XX. Cadernos de Cultura - N.º 3. Castelo Branco. 1991.
Inocêncio II, 209.
Barbosa Machado I, 734-735.


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