Por... Bacharel formado na Faculdade de Medicina. Nova edição illustrada, precedida da biographia do auctor. Tomo I [Tomo II]. A. Leite Guimarães – Editor. Porto. MDCCCLXXXIX, MDCCCXC [1889, 1890].

2 volumes de 30,5x23,5 cm. Com xxxvi, 886; [ii], 889 págs. Encadernações recentes inteiras de percalina azul, com as pastas e lombadas editoriais originais, com belíssimas gravações a dourado e prateado, coladas sobre as mesmas. Folhas de guarda novas.

Ilustrados em extratexto, sobre papel couché, com gravuras coloridas representando os uniformes militares, gravuras a preto e branco com retratos dos comandantes militares e políticos de ambas as partes em confronto e mapas desdobráveis do teatro de operações.

Texto ornamentado com iniciais decoradas, cabeções e pequenos florões.

Exemplar com um rasgo, sem afetar o texto e sem perda de papel, na folha com as págs. 883/884.

Segunda edição de luxo, enriquecida com retratos, mapas e documentos adicionais, de grande interesse bibliófilo. 

Uma das obras fundamentais para o estudo da guerra civil portuguesa de 1832-1834, em especial do célebre cerco à cidade do Porto. Publicada inicialmente em dois volumes (1846 e 1849), foi uma encomenda do governo liberal, inserida na política de promoção dos estudos históricos. Soriano, como participante direto nos eventos, oferece uma narrativa detalhada e crítica do cerco, destacando-se pela sua abordagem pessoal e patriótica, que na época suscitou polémicas, nomeadamente com o duque de Palmela e o general Augusto Xavier Palmeirim.

Primeiras páginas em numeração romana com preâmbulo do editor e biografia do autor por J. Pereira de Sampaio (Bruno). A obra inclui uma extensa introdução histórica, até à pag. 551 do primeiro volume, contextualizando o cerco no panorama político da monarquia portuguesa, intitulada «Discurso preliminar» e que se divide em duas partes: Primeira Parte - Investigação sobre as diferentes fases ou revoluções políticas por que tem passado a monarquia desde as mais remotas eras, até aos nossos dias (ampliação do artigo que já no ano de 1832 se publicou na Folhinha da Terceira); Segunda Parte - Golpe de vista sobre os mais notáveis acontecimentos da guerra civil em Portugal desde o reinado de D. João VI até ao começo do Cerco do Porto. O final do primeiro volume apresenta ainda, a partir da pág. 827, as Notas do Duque de Palmela, prefaciadas pelo autor, com respeito ao primeiro volume da sua obra «Apontamentos ácerca da vida politica do Duque de Palmella, com referencia ao primeiro volume da «Historia do cerco do Porto»». Ambos os volumes têm no final índices de ilustrações e de matérias.

Simão José da Luz Soriano (Lisboa, 1802 - Lisboa, 1891), nasceu numa família humilde: o pai era barbeiro e a mãe criada de servir. Após o abandono do pai, foi criado pela avó perto de Alcobaça. Em 1811, ingressou na Casa Pia de Lisboa, graças à intervenção de um tio religioso. Em 1823, matriculou-se na Academia Real da Marinha e, em 1825, com apoio financeiro do Barão de Rendufe, ingressou na Universidade de Coimbra, nas Faculdades de Matemática e Filosofia. A instabilidade política levou-o a alistar-se como voluntário do corpo académico na revolta anti-miguelista do Porto, em 1828. Após a derrota, exilou-se na Galiza, depois em Plymouth e, finalmente, na ilha Terceira, onde participou ativamente na imprensa liberal. Em 1832, integrou a expedição liberal que desembarcou no Mindelo e participou no Cerco do Porto, destacando-se na defesa da Serra do Pilar. Após a guerra, retomou os estudos e formou-se em Medicina em 1842. Desempenhou funções no Ministério da Marinha e Ultramar, sendo nomeado chefe de repartição de Angola e, posteriormente, de Moçambique. Foi deputado por Angola entre 1853 e 1854 e, em 1865, nomeado vogal extraordinário do Conselho Ultramarino. Aposentou-se em 1867 e dedicou-se intensamente à escrita histórica. Faleceu a 18 de agosto de 1891, deixando um legado significativo, incluindo doações para instituições como a Casa Pia, Misericórdias e monumentos nacionais.

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