RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

Recuperar password

Livros disponiveis: 97497

English   
 
   

Clique nas imagens para aumentar.



PEREIRA DE MATOS. (António Alves) A MARINHA DE GUERRA.

Estudo por A. Pereira de Mattos, Segundo tenente da armada, Cavalleiro da antiga, nobilissima e esclarecida ordem de S. Thiago, do merito scientifico, litterario e artistico, Instructor da Escola de Alumnos Marinheiros do Porto. Prefaciado pelo Exmo. Snr. Capitão de mar e guerra Conselheiro Francisco Joaquim Ferreira do Amaral, Ministro de Estado Honorario; [...]. Magalhães & Moniz, Editores. Porto. 1897.

De 24x16 cm. Com xl, 590, [i] págs. Encadernação com lombada em pele decorada com ferros a ouro. Cortes das folhas mosqueados a preto. 

Ilustrado em extratexto com 6 gravuras representando diversos navios couraçados (Yoshino, protótipo do cruzador português D. Carlos I; o contra-torpedeiro Daring; o cruzador Rainha D. Amélia; entre outros), constituindo importante documentação sobre arquitectura naval militar do final do século XIX. 

Impressão ornamentada com cabeção decorativo representando embarcações e inicial decorada no prefácio. 

Exemplar com carimbos e marcas de posse da Academia de Estudos Livres, incluindo ferros a ouro com o nome da instituição no pé da lombada. Carimbo do encadernador David Caeiro na pasta anterior. Falta da folha de anterrosto.

Obra muito rara e importante sobre estratégia e organização naval militar portuguesa no final do século XIX. Primeira obra da trilogia de Pereira de Matos sobre questões marítimas, antecedendo A Marinha de Commercio (1900-1901) e A Marinha Colonial (1902), todas publicadas por Magalhães & Moniz no Porto. Surgiu num momento crítico do debate nacional sobre capacidades militares portuguesas, três anos após o Ultimato Britânico de 1890 e três anos antes da fundação da Liga Naval Portuguesa (maio de 1900) que o autor viria a criar e dirigir como secretário-perpétuo.

Páginas preliminares em numeração romana com dedicatórias impressas à Corporação da Armada, Francisco do Amaral, Alvaro Antonio da Costa Ferreira, D. Fernando de Serpa Leitão Pimentel, António José Machado; assim como um prefácio e um texto preliminar rematados com fac-simile da assinatura do autor. 

O estudo constitui o primeiro programa abrangente de reorganização da Armada portuguesa após as crises políticas e militares da década de 1890. Pereira de Matos, então segundo-tenente e instructor da Escola de Alumnos Marinheiros do Porto, apresenta análise sistemática das marinhas militares europeias (Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, Itália, Áustria), seguida de diagnóstico severo da «decadencia da marinha portugueza» e proposta detalhada de reorganização. O programa previa 224 navios incluindo 19 couraçados, considerado excessivamente ambicioso pelos contemporâneos, mas reflectindo a escala da transformação naval necessária. A obra influenciou debates parlamentares subsequentes, incluindo o Programa Aires de Ornelas (1906-1908) de rearmamento naval, e estabeleceu Pereira de Matos como principal teórico naval português da sua geração.

A obra divide-se em dois títulos. O Título I examina comparativamente as marinhas militares europeias, analisando composição de frotas, armamento (artilharia, torpedos, couraças), máquinas modernas, submarinos e doutrinas de defesa costeira. O Título II diagnostica a decadência da marinha portuguesa e propõe programa abrangente de reorganização: defesa das costas do continente e colónias, missões de corso, polícia marítima e protecção de súbditos no estrangeiro; implementação prática envolvendo avaliação e remodelação da frota existente, reorganização de arsenais e depósitos, e reestruturação completa do pessoal (oficiais superiores, machinistas e marinhagem).

Este exemplar pertenceu à Academia de Estudos Livres, instituição cultural lisboeta fundada em 1889 pela loja maçónica «Simpatia e União», transformada em «Academia de Estudos Livres - Universidade Popular» em 1904. Situada no Alto do Pina, a Academia mantinha biblioteca, laboratórios, observatório, museus e oficina-escola, promovendo conferências públicas, cursos livres e ensino diurno e nocturno. Publicou os Anais da Academia de Estudos Livres e manteve-se activa até meados dos anos 1920. À semelhança da obra A Marinha de Commercio (ref. 2509SB008) que o autor dedicou manuscritamente à Academia, apresenta a mesma encadernação de David Caeiro e idênticas marcas de posse, sugerindo que ambos foram oferecidos à instituição no mesmo período, documentando os círculos intelectuais progressistas interessados em questões de defesa nacional e a difusão de conhecimento técnico-científico no Portugal da viragem do século.

António Alves Pereira de Matos (Porto, 1874 – S.l., 1930) foi oficial da Marinha portuguesa, escritor e fundador da Liga Naval Portuguesa. Ingressou no corpo de aspirantes da marinha em 1888, recebendo sucessivas promoções até primeiro-tenente em 1901. Comandou o vapor Berrio e desempenhou importantes comissões em Portugal e no estrangeiro. Foi secretário-perpétuo da Liga Naval Portuguesa desde a fundação em maio de 1900 até 1930, organizando três congressos nacionais (Marítimo 1903, Internacional de Lisboa 1904, Nacional de Pescarias 1904) e participando em congressos internacionais (Copenhague, Nantes). Condecorado com múltiplas ordens (Conceição de Vila Viçosa, Santiago, Avis, Mérito Naval de Espanha), publicou extensa obra sobre questões navais: A Marinha de Guerra (1897), Nas Águas de Moçambique (1900), A Marinha Colonial (1902) e O Problema Naval Portuguez (1908-1909). Colaborou nos Annaes do Club Militar Naval e no Boletim da Liga Naval.

Francisco Joaquim Ferreira do Amaral (Lisboa, 1843 – Lisboa, 1923) foi vice-almirante da Marinha Portuguesa, administrador colonial e político. Filho (legitimado postumamente) de João Maria Ferreira do Amaral, governador de Macau assassinado em 1849. Distinguiu-se militarmente na conquista de territórios em Cabinda, Angola, recusando o título de Conde que o reino lhe quis conceder. Exerceu o cargo de Ministro de Estado e, mais tarde, chefiou governo de coligação como Primeiro-Ministro em 1909 sob Manuel II. Prefaciou A Marinha de Guerra em 1897 enquanto capitão de mar e guerra e conselheiro.

Referências: 
BNP,  Cota S.C. 16911 V.
Inocêncio, vol. XX, pp. 166-168 (entrada n.º 4218).
Matos, Sérgio Campos e Luís Aguiar Santos. "A Marinha e a cultura histórica em Portugal: entre tradição e modernidade (séculos XIX e XX)". Revista de História das Ideias, vol. 29, 2008, pp. 431-468.
Silva, Fernando David e. Liga Naval Portuguesa - do Ressurgimento Marítimo ao Ressurgimento Nacional, entre Quatro Regimes (1900-1930). Tese de doutoramento, 2020.


Temáticas

Referência: 2509SB010
Local: M-SACO SB263-06


Caixa de sugestões
A sua opinião é importante para nós.
Se encontrou um preço incorrecto, um erro ou um problema técnico nesta página, por favor avise-nos.
Caixa de sugestões
 
Multibanco PayPal MasterCard Visa American Express

Serviços

AVALIAÇÕES E COMPRA

ORGANIZAÇÃO DE ARQUIVOS

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

free counters