RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

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MORGANTI. (Bento) BREVE DISCURSO SOBRE OS COMETAS.

EM QUE SE MOSTRA A SUA natureza, sua duraçaõ, seu movimento, sua influencia, e a sua Regiaõ &c. Escrito Por B. M. LISBOA: Na Officina de FRANCISCO BORGES DE SOUSA. Anno de 1757. Com todas as licenças necessarias.

In 4.º de 18x14 cm. Com 21, [iii] págs. Brochado em papel decorativo do século XIX.

Inclui uma vinheta no rosto e um belo cabeção e inicial decorada na primeira página, com motivos vegetalistas.

Exemplar com leve pico de traça.

Páginas não numeradas com licenças do Santo Ofício (João de Santa Rosa), do ordinário (Diogo Barbosa Machado) e do Paço (João Baptista, da Congregação do Oratorio). Última página em branco.

Obra muito rara e importante para o estudo do Iluminismo em Portugal em meados do século XVIII. Bento Morganti defende que o aparecimento dos cometas deve ser visto, em última instância, como prognóstico de bons ou maus presságios.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

A interpretação dos cometas como sinais de adivinhação sofreu um declínio significativo durante o século XVII. No século posterior, e especialmente nos denominados centros europeus do conhecimento, esse tipo de interpretação foi banida da literatura científica e raramente aparecia em panfletos destinados a uma audiência de cariz popular. Em oposição, a literatura sobre cometas que recorria a uma origem sobrenatural e interpretação divina era ainda relevante em Portugal no século XVIII.

No período posterior ao terramoto de 1755 em Lisboa, especialmente entre 1756 e 1758, houve uma enorme produção literária dedicada à origem e ao significado desse acontecimento. Paralelamente, editaram-se em Portugal um número significativo de textos sobre cometas nos quais a sua origem e significado eram também questionados. O debate desencadeado quanto ao papel da providência divina versus fenómenos naturais, contribuiu de forma significativa para a importância crescente do iluminismo na sociedade portuguesa.

Estas obras vieram a lume como artigos de grande circulação vendidos a preços relativamente acessíveis. Os ataques veementes à astrologia na literatura sobre cometas de meados do século XVIII mostram que, apesar de o Índex de 1561 já condenar a astrologia e outras artes divinatórias, estas ainda tinham muito peso na sociedade portuguesa, não se restringindo a uma crença exclusiva das classas mais baixas.

Exemplos destas obras são:
«Relaçam notável de hum cometa que novamente appareceo em África sobre a Praça de Tanger…» (1756), publicado anónimamente;
«Breve discurso sobre os cometas» (1757), de Bento Morganti;
«Carta em resposta ao discurso sobre os cometas» (1757), de José Acursio Tavares;
«Conjecturas de vários filósofos ácerca dos cometas expostas e impugnadas» (1757), de Miguel Tibério Pedegache;
«Chronologia dos cometas que appareceram desde o anno 480 do nascimento de N S J. Christo até ao tempo presente» (1758), também anónimo;
«Instrucção sobre os corpos celestes, principalmente sobre os cometas» (1758), de Francisco Henrique Ahlers.

O período entre 1755 e 1760 é visto como uma fase crucial no declínio da adivinhação em Portugal e também como uma fase muito ativa na popularização da filosofia natural de autores modernos, de que é exemplo Isaac Newton.

SOBRE A OBRA

O Breve discurso sobre os cometas de Morganti testemunha a importância das práticas adivinhatórias em meados do século. Foi, segundo o prólogo do autor, elaborada por ocasião da Relaçam Notavel De Hum Cometa, Que Novamente Appareceo Em Africa Sobre A Praça De Tangere, poucos dias depois do Terramoto de 1755.

Num panfleto dirigido ao grande público, o seu intuito seria que o texto se destinasse a quem pretendesse adquirir um maior conhecimento nesta ciência, informando a sua obra sobre a natureza dos cometas à luz dos autores modernos, entre os quais Tycho Brahe (1546–1601), Johannes Kepler (1571–1630), René Descartes (1596–1650), Giovanni Cassini (1625–1712), Edmond Halley (1656–1742) e William Whiston (1667–1752); o que demonstra que Morganti não ignora a astronomia. 

Enfatiza ainda a importância do telescópio e defende mesmo que o equívoco de Aristóteles quanto à natureza dos cometas se devia essencialmente à falta de instrumentos na sua época. Morganti também não desconhece certas posições críticas contra a interpretação dos cometas como sinais de adivinhação, de que são exemplo as de Pierre Bayle.

Contudo, Morganti defende que o aparecimento dos cometas deve ser visto, em última instância, como prognóstico de bons ou maus presságios: “que podem sem dúvida os astros influir com a luz viva dos vapores, e exalações de suas atmosferas, e que não se pode duvidar que esta nova luz do Cometa, trazendo ao mundo uma nova influência, possa alterar o estado presente das coisas, e prognosticar algum sucesso, o qual poderá ser bom ou mau, segundo a natureza do cometa e dos seus vapores; o que se pode conjeturar pela cor da sua luz” (ibidem, p. 21.)

À época, a inquisição controlava a censura da imprensa, e as licenças apresentadas no final da obra mostram que os censores a consideravam que “nada contem contra a Fé, e bons costumes” nem “contém coisa alguma contra as Leis do Reino”. Ainda assim, o ponto de vista de Morganti, que considerava os cometas sinais da intervenção de Deus, foi prontamente atacado na imprensa portuguesa.

Bento Morganti (n. Roma, 1709) foi um presbítero secular, licenciado em Cânones pela Universidade de Coimbra, e beneficiado na Basílica de Santa Maria de Lisboa. Filho de Lourenço Morganti, natural de Lucca, e de D. Clara d’Azevedo, natural de Coimbra, veio muito novo para Portugal. Desconhece-se o local e data do seu falecimento, mas deverá ter ocorrido depois de 1765 (data da sua última obra impressa).

Escreveu também sob o pseudónimo de José Acúrsio de Tavares.

Ref.:

FONTES DA COSTA. (Palmira) e Hélio Pinto. Disputas sobre a origem e o significado dos cometas: o que revelam do Iluminismo português? ArtCultura, Uberlândia, v. 19, n. 35, p. 131-139, jul.-dez. 2017.

Inocêncio I, 349-350, 146.


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