RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

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SOARES AMARO. (Sebastião Teófilo) MONOGRAFIA ETNOGRÁFICA DO POVO ''CUANHAMA''.

Por... Secretário de Circunscrição. Sá da Bandeira [actual Lubango, Huíla]. Angola. 11 de Julho de 1958.

De 28x21,5 cm. Com 28 fólios.

Brochado com capas produzidas a partir de fotografias p/b de grande formato e impressas com o título.

A brochura contém 20 fólios de texto dactilografado e 8 fólios intercalados com um álbum fotográfico com 48 provas p/b em formato 6x6 cm.

Apresenta dedicatória do autor "Ao seu ilustre Governador, [de distrito Bié, Huila e Benguela] Excelentíssimo Senhor Inspector Hortêncio Estevam de Sousa" que também publicou um estudo etnográfico sobre os "indígenas de Angola" publicado no 'Mundo Português'.

A obra é um trabalho/relatório apresentado pelo autor a um concurso de funcionalismo público colonial, o que era normal na carreira de jovens funcionários coloniais em ascensão. O autor descreve sumariamente as circunstancias profissionais da sua presença na área geográfica em estudo. Descreve também sumariamente o povo Cuanhama do ponto de vista dialéctico, o seu meio geográfico e social, as suas origens históricas e geográficas. Depois desenvolve com pormenor os usos e costumes actuais deste povo, desde o nascimento ao luto, sempre ilustrando e acompanhando o texto com fotografias originais correspondentes.

A presente «Monografia etnográfica» não sobe ao lugar e ao valor de um trabalho de antropologia. O presente trabalho dactilografado não especializa nem aborda um objecto científico etnológico, estudando-o detalhadamente numa das suas diferentes áreas do social, da linguística, ou da cultura material. Trata-se de recolha efectuada num local indeterminado, sem referências de fontes científicas, e sem referência aos informadores culturais locais. No final não é fornecida qualquer bibliografia, colocando-se deste modo este trabalho fora da universidade e dos meios académicos. Trata-se portanto de uma pequena recolha folclórica, ilustrada por fotografias na sua maioria tiradas em pose, ou por encomenda do autor. No entanto, este conjunto de imagens fotográficas é sem dúvida a mais genuína e valorosa recolha desta monografia, mostrando a estética das festas (da puberdade, da família, do gado, das colheitas, etc.), dos penteados e adornos, trajes e enfeites, (farinhando, ordenhando, cozinhando).

Por outro lado temos este trabalho, em si mesmo, como um objecto etnográfico de contacto cultural (entre europeus e africanos). Isto é, a necessidade de fabricar um objecto (um livro, um opúsculo) como símbolo do poder para administrar uma circunscrição. O autor não produziu um trabalho com dados demográficos, sanitários, educativos, nem económicos. Quando chega a este últimos dados o autor generaliza os Cuanhama com as economias dos outros povos do sul de Angola. Omite a recolha de bens impostos (muitas vezes saqueados) e a sua redistribuição pela estrutura social complexa dos Cuanhama, e o que vai analisar são assuntos de culinária e de confecção alimentar. Em geral, nesta monografia, os Cuanhama são vistos como uns bosquímanos, e povos de brandos costumes, ou uma pequena aldeia de sujeitos pacíficos e pacificados perante a presença portuguesa, que com este trabalho quer dar um testemunho respeitoso e respeitável.

Conjunto de 48 provas fotográficas incluídas na «Monografia etnográfica»

Imagens obtidas a preto e branco, em formato de 6x6 cm, impressas em papel esmaltado e recortadas ao estilo das «fotos tipo passe», coladas em 8 fólios intercalados nos fólios de texto, aos quais foram atribuídos os números sequenciais desta  «Monografia etnográfica» (nas suas páginas anteriores) dos fólios Nº 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22, 26,  todas obtidas com uma câmara fotográfica de pequeno formato e durante a cronologia de uma única campanha ou presença no terreno. 

Os etnógrafos, e outros elementos subalternos do ofício etnográfico, sempre optaram por uma recolha em esboços, desenhos ou imagens para completar e exprimir aquilo que as palavras e os conhecimentos ainda não abrangem. Nesta época ainda não tinha sido criada uma disciplina de etnologia visual com a sua metodologia. Apesar desta natural falta metodológica, tal como dissemos anteriormente, a recolha do autor deste conjunto de imagens fotográficas é sem dúvida a mais genuína e valorosa recolha desta monografia, mostrando alguns e vários aspectos da vida social, religiosa e económica de uma pequena aldeia Cuanhama, provavelmente de uma única família alargada.

Seguidamente transcrevemos (respeitando a ortografia e a sintaxe) e descrevemos, fólio a fólio, as legendas deste acervo fotográfico:

- A fotografia da capa de brochura desta monografia encontra-se no fólio 10 sobre a legenda «Uma família»

- A fotografia da contracapa de brochura encontra-se no fólio 22 sobre a legenda «Ordenhando»

- Fotografias do fólio 4: Repasto; Sono reparador; de viagem; Embalando; a melhor companhia; Aprendendo a profissão »»»»»»»» Neste fólio o autor recapitula o primeiro contacto do europeu com os nativos que caminham pela savana. Crianças de colo bem nutridas mamam e dormem, e viajam às costas das mães. As mulheres e as suas crianças ocupam-se do gado e aqui o autor realça a principal «profissão» dos Cuanhama: tomar conta de gado próprio e também tomar conta de gado alheio (o que autor não refere). 

- Fotografias do fólio 7: Raparigas casadoiras [2 imagens]; Elegâncias [2 imagens]; Peneirando; Dois rapazes. »»»» Neste fólio o autor recapitula a atracção masculina/feminina que exerce a África negra sobre o homem branco: filas de mulheres de peitos nus, hirtos e firmes; outras «elegâncias» captadas individualmente pela câmara com o corpo brilhante de loção corporal, mulher madura e indiferente ao fotógrafo; ou jovens com poses atrevidas ao estilo sexy europeu, nesta altura já em voga há mais de trinta anos. Uma imagem com «Dois rapazes» vistos de frente e uma imagem com duas mulheres «peneirando» terminam esta página. 

- Fotografias do fólio 10: Uma família; um aspecto do «e-umbo»; Ao som atroador dos tambores, as moças executam um bailado extenuante...; empoadas com cinza, percorrem a região; afectuoso cumprimento (parabéns).»»»»»» Este fólio contém as imagens mais importantes e centrais nesta monografia: a família, a casa, os tambores, as danças, e os rituais de passagem com os seus aspectos liminares de metempsicose. Isto é, as raparigas em transe morrem como tal, encarnam o espírito do rapaz morto, saem de suas famílias, e vão ter à aldeia e à família do rapaz morto que possuem, na qual o seu espirito é reconhecido e saudado em afectuosos cumprimentos. A monografia aflora o anterior ritual, visualizado pelo autor, porém não explicado.  

- Fotografias do fólio 13: Penteados e adornos [6 imagens encabeçadas por este título e sem legendas] »»»» 1ª imagem trata-se de um penteado de conchas cauri onde se foca a beleza do entrelaçado usado pela rapariga recém menstruada; 2ª imagem mulher jovem com o cabelo rapado na qual sobressai um colar de missangas e a beleza dos seus seios; 3ª e 4ª imagens são de uma mulher adulta, ou grande, com o típico chapéu de bicos, com feitio de chifres feitos de nervos de boi e de cabelos postiços; 5ª e 6ª imagens são de jovens mulheres com os corpos abrilhantados pela loção corporal. 

- Fotografias do fólio 16: Trajes e enfeites [6 imagens encabeçadas por este título e sem legendas] »»»» Esta página contém 6 imagens de mulheres adultas vestidas com saias de pele ou estômago de boi ou girafa e apresentam a particularidade de terem sido propositadamente fotografadas de frente, de lado e de perfil, mostrando a complexidade dessas saias entrelaçadas com faixas decoradas com missangas.

- Fotografias do fólio 19: Trajes e enfeites [6 imagens encabeçadas por este título e sem legendas] »»»» Destas imagens as primeiras cinco fotos continuam a apresentação destas matriarcas, possivelmente todas mulheres de um mesmo chefe. A 6ª imagem apresenta mulheres vestidas com roupas de tecido europeu, com recipientes à cabeça, possivelmente num dia de mercado.

- Fotografias do fólio 22: Subsistência  [6 imagens encabeçadas por este título e com as seguintes legendas: O celeiro [1 imagem]; A batedeira de leite para fabrico de manteiga [1 imagem]; Farinação [2 imagens]: Ordenhando [1 imagem]; preparando a refeição [1 imagem].»»»» Este conjunto de imagens mostra-nos mais do que a subsistência, i.e. a existência diária de uma família e a sequência da preparação dos alimentos. Contudo as fotos deveriam ter sido colocadas nesta sequência: 1. ordenhando as vacas; 2. preparando a refeição; 3. com a batedeira do leite para o fabrico da manteiga/creme de leite; para ser misturada na farinha que aqui vemos 4. ser moída no pilão; 5. peneirada; e o excedente guardado no 6. celeiro.  

- Fotografias do fólio 26: O caçador [2 imagens]; O curandeiro no exercício na profissão [1 imagem]; O pastor [1 imagem]; Um cristão [1 imagem]; Idade provecta [1 imagem].»»»» Aqui vemos duas imagens sequenciais nas quais um caçador (também armado com um arco na mão e uma moca à cintura) atira a sua lança, decorada com fibras ou cabelos, para um alvo em branco, a pedido do fotógrafo. Também temos uma imagem do curandeiro, que o autor menciona no texto, com a sua grande cabaça ou ronca que ele percute com um arco produzindo um ruído psicadélico. Para finalizar o acervo fotográfico, o autor volta a colar a imagem de um pastor de vacas ou bois (na verdade a actividade económica principal dos Cuanhama). Uma imagem de um homem vestido com uma camisa europeia e com um terço ao pescoço e a legenda «Um cristão». Por último a imagem de 2 chefes locais com os seus bastões de mando nas suas mãos direitas, e o arco das flechas nas suas mãos esquerdas, com a legenda «Idade provecta».

Junto com:

DA TRIBO CUANHAMA [ESBOÇO DE UMA MONOGRAFIA HISTÓRICA].

S/I. [Serviços do Estado]. S/L. [Luanda? Angola]. S/d [ca. 194?- 195?]

De 29x20 cm. Com [i], 18 fólios.

Apresenta capas de brochura e fólios dactilopolicopiados, numerados, com a página posterior de cada fólio em branco. Policopiado com falta da autoria e do local da sua execução/publicação.

Relativamente ao policopiado, dito “Da Tribo Cuanhama”:

Trata-se de um policopiado com origem e execução nos serviços militares e de contra-informação para ser fornecido de guia a militares e outros funcionários administrativos na região. Por esse motivo apresenta-se com a falta da autoria, com falta da bibliografia e com um arranjo gráfico e paginação (por fólios) igual a outras colecções de folhas dos mesmos serviços.  No entanto estes folhetos são raros e preciosos, tendo sido executados por historiadores e etnógrafos profissionais que recolheram informações privilegiadas e/ou académicas em fontes nacionais e internacionais.

O autor deste policopiado começa por falar dos bosquímanos (que não são Cuanhama), e não refere que os Cuanhama são um povo transfronteiriço; nem nos alerta para a sua dimensão demográfica real (cerca de meio milhão de pessoas). Diz o autor do policopiado: «fixaram-se nesta região há mais de 300 anos [...] que abrange todos os postos Sede, Mongua, Namacunde, Melunga, Cafima, uma parte da Mupa e uma faixa de 40/50 quilómetros ao longo da picada de delimitação com a fronteira do território do Sudoeste Africano. Este vasto território estava sobre a soberania do mesmo (rei) ohamba» (Pág. 7). Depois descreve-nos uma organização social do poder e soberania, muito próxima da estrutura dos zulos e de outras nações/impérios.

Neste policopiado ficam escamoteadas as considerações que Almeida d'Eça e outros militares fizeram sobre os Cuanhama, dizendo que o mesmos não se tratam de uma tribo, nem de reino, mas sim de uma nação com vários sobados, reinos e tribos capazes de reunirem centenas de milhares de guerreiros, tal como o general viu acontecer pessoalmente antes e durante a Primeira Guerra Mundial. 

No entanto, no policopiado, diz-se predominam «os sentimentos de nobreza valentia e lealdade a par de uma índole cruel e sanguinária»... «sujeitos a uma disciplina rígida pelos seus chefes, antes da nossa ocupação, defenderam com bravura a sua terra, mas uma vez vencidos pela força das armas, aceitaram sem grande animosidade a nossa soberania. [...] aproximam-se confiadamente do convívio do branco, a quem procuram imitar, mostrando nítida tendência para assimilar a nossa civilização». (págs. finais 17 e 18)

O General Pereira d'Eça (que depois da guerra deu o seu nome á cidade de Ondjiva, sede do município de Cuanhama e capital da província do Cunene) afirmou «o elogio do adversário, cuja bravura foi inexcedível. Atacar três dias seguidos um destacamento constituído por duas baterias de artilharia de campanha, quatro baterias de metralhadoras, dois batalhões de infantaria, estando estas forças em quadrado e aproximando-se delas com uma insistência que, no último combate, que durou dez horas, a uma distância que chegou a ser de cinquenta metros, revela um moral e uma instrução de tiro e de aproveitamento de abrigos que fariam honra às melhores tropas brancas». 

Mais adiante, no policopiado, apresenta-se a lista dos soberanos Cuanhamas, e aqui vemos Mandume, o 17º soberano, o mais famoso, ter a morte reclamada pelos portugueses, tal como as outras potências (ingleses e alemães) também reclamam para si esta glória militar.

Referem-se nas publicações e revistas de história militar: «Este jovem destinado a ser rei foi cuidadosamente treinado para o mando militar pelos poderosos comandos alemães (religiosos e militares) sedeados na Damaralândia, o então Sudoeste Alemão de 1884 a 1915 [...]. Ainda hoje os Cuanhama e povos vizinhos têm muita dificuldade em estarem divididos pela força das armas da Europa. A Nação Ovambo, quer ser o que foi: um grande reino, orgulhoso dos seus maiores e o último foi Mandume».

Considerações finais:

Assim apresentam-se aqui dois itens bibliográficos com origens diferentes e com perspectivas diferentes, mas que mantivemos juntos por serem complementares, sobre o mesmo tema/objecto - os Cuanhama. Este povo/nação que por um lado (tal como outros povos africanos) serviram nas recolhas etnológicas portuguesas durante o Estado Novo, para a administração colonial afirmar a sua pacificação e mostrar os mesmos como uma pequena aldeia de costumes exóticos. Por outro lado o policopiado é um aviso contra-informativo, que contém uma recolha ou resumo histórico de uma grande nação. Muito poucos estudos ou monografias foram elaborados sobre os Cuanhama, daí o valor deste acervo que vem sempre completar alguma lacuna no conhecimento de um povo encravado entre estados nacionais e afastado das grandes capitais e da história da África.

 Dim.: 28x21.5 cm with 28 folios.

Paper back with large black and white photos on the covers and printed with the title.

The booklet includes 20 folios with typed text and 8 interspersed folios with a photo album with 48 b/w contact strips of 6x6 cm.

It has a dedication of the author “To his honourable Governor [of the district Bié, Huila e Benguela] Distinguished Inspector Hortêncio Estevam de Sousa", who also published an ethnographic study about the "natives of Angola" published in 'Mundo Português'.

This work is a report submitted by the author to a contest of the colonial civil service, which was usual for the developing career of young clerks. The author describes briefly the Cuanhama people from a dialectic point of view, their geographic and social environment, and their historical and geographic origins. Then he details the present uses and traditions of this people, from birth to mourning, always complementing the text with the corresponding original photos.

This «Ethnographic Monograph» does not have the value of an anthropological work. This typed worked does not specify or approach an ethnological scientific object, with a detailed study on the several areas: social, linguistics, or material culture. It is a gathering done at an undetermined place, with no reference to scientific sources or to the local cultural informants. At the end there is no bibliography, thus being this work out of the university and the scholar communities. This is, therefore, a small folk gathering, illustrated with photos, most of them posed or taken by request of the author. However, this set of photos is undoubtedly the most genuine and valued collection of this monograph, showing the aesthetics of the celebrations (puberty, family, cattle, crops, etc.); the hairdos and ornaments, costumes and embellishments.

On the other hand this work is, in itself, an ethnographic object of cultural contact between Europeans and Africans, i.e. the need to create an object (a book, a booklet) as a symbol of power to manage a county. The author did not produce a work with demographic, sanitary, educational, or economic data. When he gets to this data, the author includes the Cuanhama in the economies of other people from the south of Angola. He omits the collection of goods imposed (many times plundered) and their re-distribution to the complex social structure of the Cuanhama, just analysing subjects related to cooking and the production of food. In general, in this monograph the Cuanhama are seen as Bushmen and a gentle people, or as small village of peaceful and pacified people before the Portuguese presence that, with this work, intends to give a demonstration of respect and respectability.

Set of 48 contact strip included in the «Ethnographic Monograph »

Black and white images with 6x6 cm format, printed on glazed paper and cut like ID card photos, glued in 8 folios interspersed with the text folios. All the images were taken with a small camera and during a single visit to the place. 

The ethnographers and other related people always adopted a collecting of sketches, drawings, or images to complete and express what words and knowledge do not yet cover. At that time the visual ethnology and its methodology had not yet been created. In spite of this normal lack of methodology, this set of photos is, as previously stated, the most genuine and valued collection of this monograph, showing the different aspects of the social, religious, and economical life of a small Cuanhama village, probably with just an extended family.

Together with:

DA TRIBO CUANHAMA [SKETCH OF AN HISTORICAL MONOGRAPH].

S/I. [Serviços do Estado]. S/L. [Luanda? Angola]. S/d [ca. 194?- 195?]

Dim.: 29x20 cm with [i], 18 folios. Paperback.

It includes the soft covers and numbered folios (typed and photocopied), with the back of each folio being blank. Photocopied with no author or place of execution/publication.

This is a copy originated in and made by the military and counterintelligence services to be handed as a guide to soldiers and administrative workers at the region. Thus, it has no author, no bibliography, and a layout and pagination (by folios) as other sets of documents of those services. However, these leaflets are rare and precious, having been produced by professional historians and ethnographers who collected privileged and/or academic information from national and international sources.

The author starts to speak about the Bushmen (who are not Cuanhama) and does not mention the Cuanhama as a border people, nor does he alert to their real demographic dimension (around half a million people). The author states: «they came to this region over 300 years ago [...] extending to all the stations of Sede, Mongua, Namacunde, Melunga, Cafima, a part of Mupa and a 40/50 km strip along the border of the south-western African territory. This wide territory was under the sovereignty of the same ohamba (king)» (page 7). Then he describes the social organisation of the power and sovereignty, which is very close to the structure of the Zulus and other nations/empires.

This photocopy does not include the considerations made by Almeida d’Eça and other soldiers about the Cuanhama, stating that they are not a tribe or a kingdom but a nation with several tribal chiefdoms, kingdoms, and tribes, able to gather hundreds of thousands of warriors, as the General witnessed before and during the First World war. 

However it is stated that it prevailed «the feelings of distinction, courage, and loyalty, together with a cruel and bloodthirsty character» [...] «subject to a strict discipline by their chiefs, before our occupation, they defended their land, but once they lost, they accepted with little animosity our sovereignty. [...] They confidently approached the white people, who they tended to imitate, showing an obvious trend to absorb our civilisation». (last pages 17 and 18).

Closing remarks:

We offer here two bibliographic items with different origins and perspectives, but that we kept together since they complement each other and approach the same subject: the Cuanhama. This people/nation (as other African people) was subjected to ethnological researches by the Portuguese during the Estado Novo, so that the colonial administration could assert its pacification and show them as a small village with exotic traditions. On the other hand, the photocopy is a counter-informative warning, containing a collection or historical summary of a great nation. There were very few studies or monographs about the Cuanhama, hence the value of this collection that fills a gap in the knowledge of a people stuck between national States and far from the big capitals and the history of Africa.

 


Temáticas

Referência: 2004JC003
Local: pcs

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