PAR MR. DE VAUBAN, Maréchal de France & Directeur Général des Fortifications du Royaume. A LA HAYE, Chez PIERRE DE HONDT. M. DCC. XXXVII., M. DCC. XLII. [1737, 1742].

2 Volumes encadernados em um de 28,5x23,5 cm. Com [xx], 216; [xvi], 180 [i.e. 188], [xxxiv], [ii br.] págs. Encadernação da época inteira de pele, com nervos, ferros a ouro em casas fechadas e ferros a seco em esquadria nas pastas.

Ilustrado com 44 gravuras desdobráveis em água-forte: 33 na primeira parte, numeradas de I a XXXIII, dividindo-se as 14, 18 e 19 em duas folhas; e 11 na segunda, numeradas de I a XI. A última parte do segundo volume não é ilustrada. Algumas fazem-se acompanhar de legenda.

Rosto impresso a preto e vermelho, com um florão decorativo. Texto em caracteres itálicos no rosto, dedicatória, alguns subtítulos, e nas primeiras letras das entradas do índice de assuntos, que se dispõe em duas colunas. Inclui iniciais ornamentadas, cabeções constituídos por vinhetas tipográficas e florões de remate.

Exemplar com falhas de pele e danos nas charneiras, coifas e cantos das pastas. Tem carimbo oleográfico de posse do rei D. Carlos I com monograma «DC» e assinatura de posse de «Rapozo» na folha de rosto, ex-libris na capa anterior do rei D. Manuel II, com o mote «Depois de Vós Nós», carimbo oleográfico de cota «27057» na última folha do último caderno.

Apresenta uma gralha na página 209 do primeiro volume, constando na numeração 109 ao invés. No segundo volume, o caderno que contém as páginas 33–40 e sucedido por outro que duplica a paginação com um asterisco (ou seja com as páginas 33*-40*).

Primeiras páginas não numeradas do primeiro volume com dedicatória do editor Pierre de Hondt ao príncipe da Prússia, Frederico II, prefácio e índice de capítulos. As do segundo volume com prefácio que inclui um discurso do autor e índice de capítulos. Últimas páginas não numeradas do mesmo com índice de assuntos de ambos os volumes, anúncio comercial e catálogo do editor.

O segundo volume apresenta folha de rosto própria, onde se lê: «Par monsieur LE MARECHAL DE VAUBAN: Tome Second. Contenant UN TRAITÉ PRATIQUE DES MINES, par le même; et un autre DE LA GUERRE EN GENERAL, Par un Officier de Distinction. A LA HAYE. Chez PIERRE DE HONDT. M. DCC. XLII. []».

Primeira edição completa e autorizada dos tratados de Vauban em estratégia militar de cerco.

O primeiro volume contém um tratado sobre o ataque a fortalezas intitulado «De l’Attaque des Places», até à página 188. Foi ampliado pelo editor com uma segunda parte sobre a defesa de fortalezas, «De la Defense des Places», atribuída a Vauban, mas que na realidade reproduz essencialmente o «Discours sur la défense des places, présenté à Louis XIV en 1675», de Guillaume de La Fon de Boisguérin, seigneur Deshoulières (1621–1693).

O segundo volume complementa a obra um tratado sobre a forma de minar fortificações, «Traité Pratique des Mines» até à página 48, e com um tratado geral de guerra, «Traité de la Guerre en General», de autoria anónima. De acordo com Pierre Alexandre Joseph Allent, em «Histoire du Corps impérial du génie», nenhuma destas obras é da autoria de Vauban, mas sim apenas o discurso que consta do prefácio deste volume.

Vauban terá escrito os segredos do seu sucesso na construção e captura de fortalezas entre 1669 e 1704. A sua superioridade estratégica apenas prevaleceria se estes textos fossem mantidos em segredo e circulassem entre um número muito estrito de pessoas, mas após a sua morte acabaram por ser divulgados de forma legal. Segundo Henry Guerlac, de todos os livros dos séculos XVII e XVIII sobre estratégia militar, nenhuma obra teve maior influência ou gozou de maior prestígio do que as de Vauban. Joan DeJean afirma ainda que os primeiros leitores de Vauban deviam crer estar na posse de segredos militares incríveis, com o poder de tornar as nações invencíveis; que nenhum outro tratado de cerco tinha sido rodeado de tanto secretismo.

Sébastien Le Prestre de Vauban (Saint-Léger-Vauban, 1633 – Paris, 1707) foi um grande engenheiro militar do reinado de Luís XIV e um dos principais conselheiros do rei. Especialista em estratégia de cerco, foi responsável pela concepção e modernização de cerca de uma centena de fortalezas, que dotaram a França de uma força que a tornou inexpugnável durante todo o reinado de Luís XIV — com excepção da cidadela de Lille, que foi capturada uma vez — até ao final do século XVIII, quando as fortalezas se tornaram obsoletas devido aos progressos da artilharia. Doze destas fortalezas, que constituem um grupo de construções em toda a extensão das fronteiras francesas, foram classificadas como Património Mundial da UNESCO em 7 de Julho de 2008.

 2 Volumes bound in one. 28.5x23.5 cm. [xx], 216; [xvi], 180 [i.e. 188], [xxxiv], [ii br.] pp. Contemporary full leather binding, with raised bands and gilt tools on spine and dry tooling framing the boards.

Illustrated with 44 folding engravings: 33 in the first part, numbered I to XXXIII, with 14, 18 and 19 divided into two leaves; and 11 in the second, numbered I to XI. The last part of the second volume is not illustrated. Some engravings have a caption.

Title page printed in black and red, with a decorative fleuron. Text in italics on the title page, dedication, some subtitles, and in the first letters of the entries in the subject index, which is arranged in two columns. Includes decorated initials, headpieces made up of typographical vignettes and finishing fleurons.

Copy with some leather flaws and damage in the hinges, spine caps and corners of the boards. Oleographic ownership stamp from King Carlos I with monogram "DC" and handwritten ownership title from "Rapozo" on the title page, ex-libris from King Manuel II on the front cover, with the motto "Depois de Vós Nós", library location oleographic stamp with "27057" on the last leaf of the last quire.

Typo on page 209 of the first volume, numbering 109 instead. In the second volume, the quire containing pages 33-40 is succeeded by another which duplicates the pagination, with an asterisk (i.e. with pages 33*-40*).

First unnumbered pages of first volume with dedication by editor Pierre de Hondt to Prince Frederick II of Prussia, preface and chapter index. Those of the second volume with preface including a speech by the author and index of chapters. Last unnumbered pages of the same volume with subject index of both volumes, commercial advertisement and publisher's catalogue.

The second volume has its own title page, which reads: "Par monsieur LE MARECHAL DE VAUBAN: Tome Second. Contenant UN TRAITÉ PRATIQUE DES MINES, par le même; et un autre DE LA GUERRE EN GENERAL, Par un Officier de Distinction. A LA HAYE. With PIERRE DE HONDT. M. DCC. XLII.[]".

First complete and authorized edition of Vauban's treatises on military siege strategy.

The first volume contains a treatise on the attack of fortresses entitled "De l'Attaque des Places", up to page 188. It was expanded by the publisher with a second part on the defence of fortresses, "De la Defense des Places", attributed to Vauban, but which in reality essentially reproduces the "Discours sur la défense des places, présenté à Louis XIV en 1675", by Guillaume de La Fon de Boisguérin, seigneur Deshoulières (1621-1693).

The second volume complements the work with a treatise on how to mine fortifications, "Traité Pratique des Mines" up to page 48, and with a general treatise on war, "Traité de la Guerre en General", anonymously authored. According to Pierre Alexandre Joseph Allent, in "Histoire du Corps impérial du génie", none of these works is by Vauban, but only the speech that appears in the preface to this volume.

Vauban is said to have written down the secrets of his success in building and capturing fortresses between 1669 and 1704. His strategic superiority would only have prevailed if these texts were kept secret and circulated among a very strict number of people, but after his death they were eventually made public in a legal way. According to Henry Guerlac, of all the 17th- and 18th-century books on military strategy, no work has had greater influence or enjoyed greater prestige than Vauban's. He also states that Vauban's work was more influential than his own. Joan DeJean further states that Vauban's first readers must have believed themselves to be in possession of incredible military secrets, with the power to make nations invincible; that no other treatise on siege had been surrounded by so much secrecy.

Sébastien Le Prestre de Vauban (Saint-Léger-Vauban, 1633 - Paris, 1707) was a great military engineer of the reign of Louis XIV and one of the king's chief advisers. A specialist in siege strategy, he was responsible for designing and modernising around a hundred fortresses, which provided France with a force that made it impregnable throughout Louis XIV's reign - with the exception of the citadel of Lille, which was captured once - until the end of the 18th century, when the fortresses became obsolete due to advances in artillery. Twelve of these fortresses, which make up a group of constructions along the entire length of the French borders, were listed as UNESCO World Heritage Sites on 7 July 2008.

Referências/References:

BNF: ark:/12148/cb315477793