Escriptas por Andre de Rezende, Diogo Mendes de Vasconcellos, Gaspar Estaço, Fr. Bernardo de Brito, e Manoel Severim de Faria, feita por Bento Jozé de Souza Farinha Professor Regio de Filosofia, e Socio da Academia das Sciencias de Lisboa. LISB. Na Officina de Filippe da Silva e Azev. Anno M. DCC. LXXXV. [1785]. Com licença da Real Meza Censoria.

In 8.º de 14,5x10,5 cm. Com 180 [i.e. 190], [ii em br.]. Encadernação do século XIX com rótulo vermelho e ferros a ouro na lombada, incluindo a data 1685 no pé. Cortes das folhas mosqueados a azul e folhas de guarda marmoreadas.

Impressão com caracteres redondos e itálicos, alguns dos quais muito pequenos. Inclui algumas iniciais decoradas com paisagens da cidade de Évora, no início da dedicatória do editor e da biografia de Resende.

Exemplar com falha superficial de pele no canto superior da pasta anterior e anotações a tinta na folha de guarda anterior. Restauro amador na margem lateral da folha com as págs. 131-132. A página 160 tem por erro 150, seguindo a paginação errada em diante.

O livro apresenta nas páginas preliminares uma nota do editor Bento José de Sousa Farinha, seguido de um índice das obras que compõem a publicação.

Antologia de textos históricos sobre a cidade de Évora coligida por Bento José de Sousa Farinha. Tanto na dedicatória como no pequeno índice da página 10 é apresentado o conjunto de obras que compõem este livro, a saber:

Vida do Lecenciado Andre de Rezende por Diogo Mendes de Vasconcelos, págs. 11 - 36;
Livro V. do Mvnicipio Eborense, por Diogo Mendes de Vasconcelos, págs. 37 - 111;
Varias Antigvidades de Portvgal, por Gaspar Estácio, págs. 112 - 155;
Chronica de Cister. Livro V. Cap. XII - Como a Cidade de Evora foi ganhada aos Mouros, e por ordem del Rei Dom Affonso se passou a ella a nova ordem de Cavallaria, por Frei Bernardo de Brito, págs. 156 [i.e. 166] - 176;
Elogio de Evora por Manuel Severim de Faria. págs. 177 [i.e. 187] - 180;
Historia da antiguidade da Cidade de Euora, por André de Resende, 109 págs. não numeradas.

Farinha é autor da dedicatória ao Senado de Évora nas páginas 3 a 9 e responsável pela tradução a partir do latim da biografia de Resende bem como pela do livro do Município Eborense, ambos escritos por Diogo Mendes de Vasconcelos.

Vale notar que a obra História da Antiguidade da Cidade de Évora, cuja terceira edição foi realizada por Farinha, já estava impressa desde 1783 na Oficina de Simão Tadeu Ferreira (tal como na segunda edição, as páginas não são numeradas). É exatamente esta mesma edição que faz parte desta antologia, mantendo na íntegra a sua composição tipográfica, incluindo até a folha de rosto. É, portanto, possível encontrar esta obra em separado da antologia, existindo, curiosamente, também alguns exemplares que apenas apresentam as páginas numeradas da antologia e excluem a obra de Resende.

Tem junto:

RESENDE. (André de) HISTORIA DA ANTIGUIDADE DA CIDADE DE EUORA. fecta per meestre Andree de Reesende. Terceira Ediçam fielmente copiada da segunda, que se fez em Euora em 1576, a qual foy ainda emendada pelo mesmo autor. Lisboa Na Of. de Simão Thaddeo Ferreira. Anno 1783. Com licença da Real Meza Censoria.

Com [cix], [i em br.] págs.

Folha de rosto com o texto emoldurado por uma cercadura com elementos vegetalistas. Tem uma inicial decorada na folha aiiii.

Exemplar com as margens cortadas justas.

O verso do rosto tem licenças de Pero Luis, Lião Anriquez e Manoel de Coadros. As últimas páginas têm um índice temático, organizado por ordem alfabética.

Inocêncio chama a atenção para a singularidade da construção sintáxica e da ortografaria nesta obra, elaborada com o maior rigor etimológico.

André de Resende (Évora, circa 1498 – Évora, 1573), foi um frade dominicano, teólogo, arqueólogo, e um grande intelectual humanista, especialista da Grécia e da Roma antiga. Estudou e viajou por vários países europeus, nomeadamente em Espanha, França, Bélgica e Países-Baixos. As suas obras muito ricas e numerosas reflectem uma vida movimentada e cosmopolita, escritas na maior parte em latim de forma a garantir a sua divulgação pela Europa culta. Exerceu extraordinária influência na cultura europeia e portuguesa — criou a lenda de Viriato como antecessor de Portugal, assim como a palavra Lusíadas, mais tarde usada por Camões. Foi também mestre do infante D. Duarte.

Bento José de Sousa Farinha (Alandroal, 1740 – Lisboa, 1820) foi um filósofo, pedagogo e escritor prolífico. Formado em Direito Canónico pela Universidade de Coimbra, tornou-se professor régio de Filosofia. Foi sócio da Academia Real de Ciências de Lisboa, delegado do Cardeal Patriarca de Lisboa e encarregado do governo espiritual e temporal do Seminário de Nossa Senhora da Conceição em Santarém. Tinha um benefício na Igreja de S. João Baptista de Coruche e foi Bibliotecário da Biblioteca Real da Ajuda. Desenvolveu um interesse ímpar pela pedagogia e a sua vasta obra influenciou a evolução do ensino da Filosofia em Portugal ao longo do século XIX. Dela distingue-se a reedição de numerosas obras clássicas da literatura portuguesa.

Inocêncio I, 65-67, 318; I, 346-349, 124; VIII, 64.