Theatro da Erudiçam & Filosofia Christãa. Em que se representaõ os dous estados do Mundo: CAHIDO EM EVA, e Levantado em EVA. Primeyra, e Segunda Parte, Offerecida Ao Eminentissimo Senhor. NUNO DA CUNHA DE ATTAIDE, Presbytero Cardeal da Santa Igreja de Roma, Bispo Inquisidor Gèral, Capellaõ mòr de S. Magestade, do seu Conselho de Estado, & do seu Despacho, &c. Escrevia ANTONIO DE SOUSA DE MACEDO Acrescentado nesta quinta impressaõ com o Dominio sobre a Fortuna. Lisboa Occidental, Na Officina de Antonio Pedrozo Galram, M. DCCXX. [1720]. Com todas as licenças necessarias.

In fólio de 29,5x21,4 cm. Com [xxiv], 610 págs. Encadernação do século XIX, de grande beleza, inteira de pele mosqueada, com rótulo vermelho, nervos e ferros a ouro. Folhas de guarda em belo papel marmoreado. Cortes das folhas levemente carminados.

Folha de rosto a vermelho e preto, com pequeno florão decorativo. Impressão muito nítida em caracteres redondos e alguns poucos itálicos nos títulos dos capítulos e nas citações. Texto ornamentado por belos cabeções, inicias muito ornamentadas e um conjunto muito variado de florões de remate, sendo especialmente notáveis o do final da dedicatória do autor à Virgem Maria, da página 231 e o da 610 e última do livro. As margens muito amplas estão preenchidas pelos lugares da Bíblia e dos mais ilustres autores que servem de fundamento às exposições de Sousa de Macedo. A segunda parte tem uma folha de rosto decorativa na página 233, com a data de 1719.

Exemplar com leves desgastes superficiais na charneira anterior, com etiqueta de José da Silva Santos, do Porto, com rubrica de posse e pertence manuscrito à cabeça da folha de rosto: Da Livraria do Convento de Santo Agostinho do Porto.

Quinta edição muito rara, que tem junto a terceira edição da obra - Domínio sobre a Fortuna e Tribunal da Razão, que tinha sido já publicada em 1682 e 1716. Barbosa Machado não refere esta edição conjunta de 1720. A primeira edição de Eva e Ave foi publicada em 1676.

Depois seguiram-se edições em 1700, 1711, 1716, 1734, 1766, 1776 e por fim 2006. A edição de 1776 declara ser a décima edição. Se for verdade são desconhecidas as datas de duas edições. Foi traduzida para castelhano, por Diego Suarez de Figueroa, com edições em Madrid, 1731 e Múrcia, 1882.

As folhas preliminares contêm a dedicatória do editor, Miguel de Almeida de Vasconcelos, ao Cardeal D. Nuno da Cunha de Ataíde; a dedicatória do autor à Virgem Maria; Prefácio ao leitor com o argumento da obra; Advertência; Introdução; nota do impressor sobre o índice; licenças e índice dos capítulos. A obra principal termina na página 492; da página 493 a 602 decorre a obra, Domínio sobre a Fortuna e Tribunal da Razão com o respectivo índice de assuntos, nas páginas 603 a 608 e o índice dos capítulos nas páginas 609 a 610.

António de Sousa de Macedo (Porto, 1606 - Lisboa, 1682) jurista de formação, foi um dos grandes escritores do Século XVII, um dos primeiros jornalistas portugueses, diplomata e homem de Estado durante o período da Restauração. Como diplomata exerceu as funções de secretário da embaixada de D. Antão de Almada enviada à Inglaterra por D. João IV, foi ministro de Portugal em Londres, de 1642 a 1646 e embaixador na Holanda, de 1650 a 1651. Como estadista exerceu o cargo de Secretário de Estado de D. Afonso VI, de 1662 a 1666.

Mas a sua memória permanece viva principalmente pela sua vasta obra escrita. No primeiro período da sua vida até 1640 escreveu muitas poesias, entre elas o poema épico sobre Lisboa, Ulissipo, 1640 e uma obra em louvor de Portugal, com o título: Flores de España, Excelências de Portugal, de 1631. Depois da Revolução de 1640 publicou muitas obras, várias delas em latim e castelhano, para defender os direitos dos Reis Portugueses da Dinastia de Bragança ao trono de Portugal, assim como obras sobre matérias jurídicas. Nos seus tempos menos ocupados, entre o exercício das funções diplomáticas e de estado, escreveu diversas obras sobre filosofia, teologia e religião, nomeadamente: Armonia Política, Haia, 1651; Epitome panegírico de la vida admirable y muerte gloriosa de Santa Rosa de Santa Maria, Lisboa, 1670; e Domínio sobre a Fortuna, Lisboa, 1682.

Por fim, enquanto exercia o cargo de Secretário de Estado, foi editor e redactor, de1663 a 1666, do segundo jornal existente no nosso país, o Mercúrio Português, onde revela um estilo directo e conciso adequado ao novo meio de comunicação.

 In folio. 29.5x21.4 cm. [xxiv], 610 pages. Beautiful full mottled leather 19th-century binding, with red label, raised bands and gilt tools on spine. Beautiful marbled endpapers. Slightly red edges.

Title page in red and black, with a small decorative fleuron. Very clear printing in round characters and a few italics in the chapter titles and quotations. Text decorated with beautiful headpieces, very ornate initials and a very varied set of finishing fleurons, the one at the end of the author's dedication to the Virgin Mary on page 231 and the one on page 610 and the last of the book being particularly noteworthy. The very wide margins are filled with places from the Bible and from the most illustrious authors that serve as a basis for Sousa de Macedo's expositions. The second part has a decorative title page on page 233, with the date 1719.

Copy with slight superficial signs of wear on the front hinge, with a label from José da Silva Santos, from Porto, with an handwritten ownership initialing and title at the head of the title page: Da Livraria do Convento de Santo Agostinho do Porto (From the Library of the Convent of Santo Agostinho do Porto).

Very rare fifth edition, which includes the third edition of the work - Domínio sobre a Fortuna e Tribunal da Razão, which had already been published in 1682 and 1716. Barbosa Machado doesn't mention this joint edition of 1720. The first edition of Eva e Ave was published in 1676.

Then there were editions in 1700, 1711, 1716, 1734, 1766, 1776 and finally 2006. The 1776 edition claims to be the tenth edition. If true, the dates of two editions are unknown. It was translated into Spanish by Diego Suarez de Figueroa, with editions in Madrid, 1731 and Murcia, 1882.

The preliminary pages contain the dedication of the publisher, Miguel de Almeida de Vasconcelos, to Cardinal Nuno da Cunha de Ataíde; the author's dedication to the Virgin Mary; Preface to the reader with the argument of the work; Warning; Introduction; printer's note on the index; licences and chapter index. The main work ends on page 492; from page 493 to 602, Domínio sobre a Fortuna e Tribunal da Razão with the respective subject index on pages 603 to 608 and the chapter index on pages 609 to 610.

António de Sousa de Macedo (Porto, 1606 - Lisbon, 1682), a lawyer by training, was one of the great writers of the 17th century, one of the first Portuguese journalists, diplomat and man of state during the Restoration period. As a diplomat, he served as secretary to the embassy of Antão de Almada sent to England by King João IV, was Portugal's minister in London from 1642 to 1646 and ambassador to Holland from 1650 to 1651. As a statesman, he served as Secretary of State to King Afonso VI from 1662 to 1666.

But his memory lives on mainly through his vast written work. In the first period of his life until 1640 he wrote many poems, including the epic poem about Lisbon, Ulissipo, 1640 and a work in praise of Portugal, entitled: Flores de España, Excelências de Portugal, of 1631. After the 1640 Revolution, he published many works, several of them in Latin and Castilian, to defend the rights of the Portuguese Kings of the Braganza Dynasty to the throne of Portugal, as well as works on legal matters. In his less busy times, between exercising diplomatic and state functions, he wrote several works on philosophy, theology and religion, namely Armonia Política, Haia, 1651; Epitome panegírico de la vida admirable y muerte gloriosa de Santa Rosa de Santa Maria, Lisboa, 1670; and Domínio sobre a Fortuna, Lisboa, 1682.

Finally, while serving as Secretary of State, he was editor and writer, from 1663 to 1666, of the second newspaper to exist in our country, the Mercúrio Português, where he revealed a direct and concise style suited to the new means of communication.

Referências/References:

Azevedo e Samodães, II, 3262.

Rodrigo Veloso, II, 7187.

Pinto de Matos, 540.

Inocêncio I, 276-278 e VIII, 311-312.

Barbosa Machado I, 399-403.